quarta-feira, 30 de abril de 2014

Acredito

Eu acredito que há coisas que são verdade e há coisas que são falsas. E consigo acreditar em coisas, que ninguém sabe se são verdade ou não.

Posso acreditar no Pai Natal ou no Coelho da Páscoa e nos Beatles, na Marylin Monroe e no Elvis. Acredito que as pessoas são aperfeiçoáveis, que o conhecimento é infinito, e que o mundo é dirigido por carteis secretos e que é visitado por aliens muitas vezes - pelos bonzinhos que nos veêm de longe e, pelos maus que nos matam o gado e querem a nossa água e as nossas mulheres.

Acredito que o futuro é uma porcaria e acredito que o futuro seja algo apetecível. E acredito que o Dom Sebastião ainda vai aparecer numa manhã de nevoeiro. Acredito que, nós os homens somos rapazes em ponto grande com graves problemas de comunicação e, que o declinío do chamado "sexo e do bom" é por não termos cinemas drive-in ao ar livre.

Acredito que todos os políticos não monstros sem princípios e ainda acredito que sejam melhor que as alternativas. Acredito que a California se vai afundar no mar, quando houver um terramoto dos grandes. E que a Atlântida ainda vai aparecer debaixo das ondas.

Acredito que o sabão antibacteriano nos está a destruir a resistências à sujidade e que um dia vamos ser exterminados pelos marcianos como na Guerra dos Mundos.

Acredito que o destino da humanidade esteja nas estrelas. Acredito que os doces sabiam melhor quando eu era criança, que é aerodinamicamente impossível para um escaravelho voar, que a luz é uma onda e que há um gato numa caixa que está morto e vivo ao mesmo tempo (apesar de, se não abrirem a caixa para alimentarem o bicho vamos ter duas causas de morte), e que há estrelas no universo biliões de anos mais velhas que o universo em si.

Acredito que qualquer pessoa que diga que o sexo é demasiado valorizado, nunca o tenha feito como deve de ser. Acredito que qualquer pessoa que afirme que sabe o que se está a passar, minta acerca de pequenas coisas.

Acredito na honestidade absoluta e nas mentiras sociais.

Acredito que a vida é um jogo, é uma piada cruel, e que a vida é o que acontece quando estás vivo e que, já agora, nos podemos encostar e disfrutar dela.

sábado, 26 de abril de 2014

Vida

À medida que crescemos, aprendemos que mesmo aquela pessoa que não nos devia desiludir vai fazê-lo.
Vais andar de coração partido mas, vais partir corações. Vais discutir com os teus melhores amigos e, provavelmente, até te apaixonas por uma ou outra. E vais chorar porque o tempo vai passar. 
Então, tira fotografias, ri-te demasiado e ama como se nunca te tivessem magoado.
A vida chega sem garantias, sem paragens e sem segundas opurtunidades.
Apenas tens que viver a vida ao máximo, dizer às pessoas o que elas significam para ti, deixares certas pessoas irem de vez, dizer tudo o que tens para dizer, dançar à chuva, andar de mão dada, confortar um amigo, adormecer enquanto vês o nascer do sol, ficar acordado até tarde, seres motivo de flirt, e sorrir até que te doa a cara.
Não tenhas medo de arriscar e de te apaixonares mas, sobretudo viver: porque cada segundo que passas zangado ou preocupado é menos um segundo de felicidade que nunca vais recuperar...

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Desfado


"Quer o destino que eu não creia no destino, e o meu fado é nem ter fado nenhum.
Cantá-lo bem sem sequer o ter sentido - senti-lo como ninguém, mas não ter sentido algum.

Ai que tristeza, esta minha alegria! Ai que alegria, esta tão grande tristeza...
Esperar que um dia eu não espere mais um dia... por aquela que nunca vem e que aqui esteve presente.

Ai que saudade... Que eu tenho de ter saudade! Saudades de ter alguém, que aqui está e não existe.
Sentir-me triste só por me sentir tão bem e, alegre sentir-me bem só por eu andar tão triste.

Ai se eu pudesse não cantar "ai se eu pudesse". E lamentasse não ter mais nenhum lamento.
Talvez ouvisse no silêncio que fizesse uma voz que fosse minha cantar alguém cá dentro.

Ai que desgraça esta sorte que me assiste! Ai mas que sorte eu viver tão desgraçado... Na incerteza que nada mais certo existe, além da grande certeza de não estar certo de nada..."

Ana Moura - Desfado

terça-feira, 22 de abril de 2014

E tu? Coras?

É engraçado, quando as pessoas te chamam "envergonhado", normalmente sorriem. Como se fosse fofinho, um hábito engraçado do qual te vais ter que livrar quando cresceres. Se soubessem como me sinto - ser realmente envergonhado, não apenas inseguro - não sorririam. Não, se soubessem como isto é como um pontapé no estômago, como as palmas das mãos suam ou como isto te rouba a habilidade de dizer algo que faça sentido. Não é mesmo nada fofinho.

E o silêncio entre nós cresce, mas não é estranho. Às vezes há pessoas com quem podes ser e estar calmo e, nunca tens necessidade de preencher aquele espaço entre conversas sem sentido. 

Começo a ter a certeza que o facto de amarmos alguém, requer um salto de fé e que uma aterragem suave nunca, nunca está garantida.
Nenhuma relação é perfeita. Nunca. Temos sempre de nos dobrar, de nos comprometer, de dar algo de modo a ganhar algo maior. O amor que temos um pelo outro é maior que estas pequenas diferenças. E aí é que está a chave.
O amor compensa por muito.

Nunca há tempo e espaço certo para o amor. Acontece acidentalmente, num batimento cardíaco, num flash, num momento.
E há um momento em que o mundo fica sossegado e a única coisa que resta é o teu coração. Então, é melhor aprenderes o som do teu coração. De outro modo nunca vais perceber o que ele te quer dizer

E sei que significou algo para ti. Os nossos olhos cruzaram-se só por um instante. Também significou algo para mim. 
E eu que pensava que tinha só sido eu.



domingo, 20 de abril de 2014

Má coisa

Disse que tudo o que queria de ti era, ver o teu amanhã. E todos os amanhãs daí para a frente. Talvez me emprestes o teu coração.
É muito pedir-te todos os Domingos e, já agora que estamos nisto dá-me também outro dia qualquer.

Sei que as pessoas fazem sempre promessas mas, vão-se embora e quebram-nas.
Quando alguém corta o teu coração com uma faca quando ainda está a bater, eu posso ser aquele que o vai conseguir curar. E não vou parar até acreditares, porque tu mereces isso.
Então não ajas como se fosse uma coisa má deixares-te apaixonar por mim.
Porque podes fazer porcaria e, descobrir que os sonhos podem ser reais comigo. Podes gastar todo o teu tempo e dinheiro só para perceberes que o que te dou é grátis.

E que tal eu ser a última voz que ouves à noite? E em todas as outras noites e, nas noites que restam.
E todas as manhãs te quero ver a olhar para mim, porque isso é um bom começo.

Não te vou encher a cabeça nem quebrar promessas, nem desperdiçar o teu tempo. E se caíres, cais-me sempre nos braços.

E talvez descubras que não é uma má coisa, voltares a apaixonar-te por mim.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Em reparações

Demasiadas sombras no meu quarto. Demasiadas horas nesta meia-noite. Demasiadas esquinas na minha mente. Tanto para fazer, para pôr o meu coração direito.
Está a levar tanto tempo que posso estar errado, que posso estar preparado - mas se seguir o conselho que ele me dá tenho de admitir que ainda está instável.

Parei numa esquina por um bocado, só à espera que o vento passasse por mim. Na esperança que levasse tudo aquilo que eu era, e me traga um pouco mais de sorte.
E enquanto passo no parque penso que, talvez, as coisas fiquem verdes outra vez.
Era bom ouvir-te dizer que me conheces.
Estou em reparações, mas estou a chegar lá.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Um dia qualquer

Num dia qualquer, tudo vai fazer sentido mas, por agora, ri-te da confusão e sorri através das lágrimas.
Sê forte e, lembra-te sempre que tudo acontece por uma razão.
E às vezes dizes a alguém para nunca mais te falar, para nunca mais te ligar. Mas, quando o telefone toca espera que seja esse alguém. É a lógica mais torcida de sempre. 

Acabo por ser um arquitecto de dias que ainda não aconteceram.
E todas as noites vejo o estado do tempo para onde tu estás.  Só para saber se consegues ver as estrelas. É, talvez, o meu único direito.
Quanto mais escondes o que sentes por alguém, mais te apaixonas.

E eu ainda não sei se me apaixonei por ti, se pelo sonho que fiz de ti.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Chuva

Há centenas de coisas que ele tentou perseguir. Coisas de que ele não se vai lembrar e, que ele não se vai deixar sequer pensar porque quando o faz, na mente dele está sempre a chover devagar...

E tu vais ouvir dizer que ele saiu do país, que há uma coisa com que ele gostava que ficasses - mas perde-se antes que chegue a ti. E, uma noite o teu telefone vai tocar - uma voz, que pode ser a dele, vai dizer qualquer coisa que tu não vais conseguir entender, antes da chamada cair.

E, anos depois, através da janela de um táxi, tu vês alguém na entrada de um prédio que se parece mesmo com ele. Mas, ele vai começar a andar antes de conseguires convencer o taxi a parar. E nunca mais o vais ver.

E sempre que chover, vais pensar nele.


segunda-feira, 14 de abril de 2014

O sal da nossa pele


Faz meses desde que nós gravámos os nossos nomes um no outro.
Antes de tudo mudar, eramos miúdos com os olhos grandes a obsorver o mundo
Com o sal na nossa pele. E nós lançávamos os nossos papagaios ao vento. E eles voavam e voavam.
Faz meses, desde que sussurrámos com a lanterna ligada e a luz apagada
Em que estávamos cansados com sabão na nossa pele
E nós caímos no sono ao vento.E nós sonhamos e sonhamos.
E em daqui a algum tempo, quando a luz da lanterna enfraquecer, eas tatuagens que gravámos começarem a desaparecer. não seremos mais miúdos.
Teremos linhas na nossa pele, e elas vão direccionar o nosso pó ao vento.


Porque nós somos círculos. Damos voltas à volta do sol. Vou ser um círculo à tua volta e tu, vais ser um círculo ao meu redor.

domingo, 13 de abril de 2014

Voz

Eu vou deixar que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces. Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto, a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida. E, eu sinto que no meu gesto existe o teu gesto e na minha voz a tua voz. Não te quero ter porque em mim tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim: como a fé nos desesperados. Para que eu possa levar uma gota de orvalho desta terra amaldiçoada. O que ficou sobre o meu corpo como uma nódoa do passado. Eu vou deixar... tu irás e encostarás a tua face noutra face. Os teus dedos vão-se entrelaçar noutros dedos e tu vais acordar para ver a madrugada. Mas tu nunca saberás que quem te escolheu fui eu, porque eu sou o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua voz. Porque meus dedos entrelaçaram os dedos da névoa suspensa no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Eu ficarei só como os barcos nos portos silenciosos. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das estrelas serão a tua voz presente, a tua voz ausente.

sábado, 12 de abril de 2014

Mentiras

Mentira 1: Só existe o presente, não há nada para nos lembrarmos;
Mentira 2: O tempo é uma linha recta;
Mentira 3: A diferença entre o passado e o futuro é que um já aconteceu e o outro não;
Mentira 4: Só podemos estar num local de cada vez;
Mentira 5: Qualquer proposição que contenha a palavra "finito" ( o mundo, o universo, experiencia, nós mesmos...)
Mentira 6: A realidade é algo com que temos que concordar;
Mentira 7: A realidade é a verdade.



sexta-feira, 11 de abril de 2014

RAM

Até o espirito mais orgulhoso pode ser quebrado pelo amor. Porque o amor faz parte dos sonhos. O amor pertence ao desejo, e o desejo é sempre cruel.

A memória é muito enganadora. Talvez, existam pessoas cuja memória seja como uma cassete que grava tudo e todos os pormenores: pormenores diários, de toda a sua vida até ao mais ínfimo detalhe...Mas acho que não sou uma dessas pessoas. A minha memória é uma colagem de momentos, de eventos descontínuos mal cosidos uns aos outros. As partes de que me lembro, lembro-me precisamente. Há outras secções que, parecem ter desaparecido completamente.

O que queria que soubesses é que não me é dificil encontrar-te na minha mente. Ainda lá estás, como um fantasma, um sussuro. Ainda à pouco tempo ardeste em mim.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Tudo ou Nada

Alcançar a felicidade (e eu fi-lo, e ainda o faço) não é a mesma coisa que ser feliz - penso que é fugaz, dependendo das circunstâncias... Se o sol brilha, fica nele - sim. 
Os tempos felizes são óptimos, mas são tempos que passam - tem de ser assim porque o tempo em si, passa. 
O tentar alcançar a felicidade é mais esquivo; dura a vida toda, e não é um objectivo em si. O que tu persegues faz sentido - a vida com algum significado. Há o "aconteceu" - o destino, a linha que é tua, e que nunca está fixa. Muda com o sabor da corrente, ou com o virar de novas cartas, seja qual for a metáfora que uses. Isso vai acabar por te consumir imensa energia. 
Há alturas em que estás tão errado que quase não estás vivo, e há alturas em que percebes isso.
É melhor viver uma meia-vida cheia, do que viver em função de alguém.
A procura não é o tudo ou nada. É o tudo e o nada.


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Medo do escuro

Às vezes acordamos. Às vezes a queda mata-nos. E, às vezes, ao cairmos - voamos.


Toda a gente tem um mundo secreto por dentro. E digo toda a gente. Todas as pessoas espalhadas neste mundo, digo mesmo toda a gente - não interessa quanto desinteressante e chatos sejam por fora. Por dentro, todos têm um inimaginável, magnífico, espectacular, estúpido, incrível mundo... E não um só. Centenas deles. Milhares, talvez.

As pessoas acham que os sonhos não são reais só porque não são feitos de matéria, de partículas. Mas são feitos de pontos de vista, de imagens, de memórias e esperanças perdidas.
Por isso é que, quando nos abraçamos no escuro, isso não faz com que o escuro desapareça. As coisas más ainda lá estão. Os pesadelos ainda caminham. Quando nos abraçamos não nos sentimos seguros, mas melhor. "Está tudo bem" - sussurramos - "Estou aqui, amo-te". E mentimos: "Nunca te vou deixar". E por um momento ou dois, o escuro não parece tão mau.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Só a fingir que sim


Estava tudo bem. Até, alguém estúpido, que não é diferente de qualquer outra pessoa estúpida, entrar de rompante na tua vida... E dás-lhe um pedaço de ti. E, o mais giro, é que ninguém te pediu nada. Há um dia em que fazem algo de parvo como beijar-te ou sorrir para ti e aí, a tua vida já não é mais tua.
E tu tens um bom coração. Às vezes é o suficiente para estares seguro de ti aonde quer que vás. Mas, na maior parte das vezes, não é. Eu gosto das estrelas. Acho que é a ilusão da permanência. Elas estão sempre a brilhar, a ir e a vir. Mas de onde... e aí posso fingir, imaginar que as coisas duram. Posso fingir que a vida dura mais que uns momentos. Nós mortais, acendemo-nos, ardemos e acabamos. Os mundos não duram; e as estrelas, e as galáxias são transitórias, coisas que flutuam e brilham como pequenos pirilampos até que desaparecem em pó, no frio. Mas posso fingir...
Até o nada pode durar para sempre. Mas tens de acreditar, senão nunca vai acontecer.
E as pessoas querem esquecer o impossível. Isso faz com que o mundo seja mais seguro.

Mas como podes fugir de algo e voltar sempre ao mesmo?

segunda-feira, 7 de abril de 2014

O grande salto

Não tropeças no amor como tropeças num buraco. Tropeças como se fosses cair no espaço. É como se saltasses do teu próprio planeta para visitar o planeta de alguém. E quando lá chegas tudo te parece diferente: as flores, os animais, as cores que as pessoas vestem. É uma grande surpresa tropeçares no amor porque pensavas que tinhas tudo o que precisas no teu planeta e, acaba por ser verdade em certa maneira, mas quando alguém acende uma luz no meio do espaço a única maneira de a visitares é dares um grande salto. E lá vais tu, a cair na órbita de algúem e passado um tempo podes decidir puxar os dois planetas e chamar-lhe casa. E podes levar o teu cão. Ou o teu gato. O teu peixinho, hamster, a tua colecção de pedras e todas as tuas meias velhas (mesmo as que perdeste, incluindo as que têm buracos estão nesse novo planeta que encontraste).

E podes pedir aos teus amigos para te visitarem. E lêem as vossas histórias preferidas um ao outro. E o tropeçar foi, na realidade, o grande salto que tiveste de dar para estares com alguém. E é assim.


PS: Tens de ter coragem.

 

domingo, 6 de abril de 2014

Espelho

Dizem que o amor escraviza. E que a paixão, não é mais que um demónio. E que muitos estiveram perdidos de amor.
Sei que isto é verdade,mas também sei que sem amor estaríamos a rastejar em túneis e nunca veríamos o céu.
Quando me apaixonei foi como se eu olhasse para um espelho pela primeira vez e me visse. Levantei a minha mão e senti a minha cara, o meu pescoço. Isto sou eu. E enquanto olhava para mim e me habituava a quem era, não tinha medo de me odiar: porque queria ser digno de quem me segurava o espelho.


Probabilidade

Caminha comigo, mão na mão através das luzes de neon e a espuma. Por cima das lâminas e dos corações partidos. Por cima da sorte e dos que são perseguidos por ela. Por cima dos restaurantes e dos rastos de estrelas.
Sei que sou um idiota, à espera que a poeira e a glória sejam uma espécie de tinta luminosa; as humilhações e exaltações que nos elevam. Eu vejo como um insecto, tudo demasiado grande, a pressão do infinito a martelar-me na cabeça. Mas como é que se pode viver, verticalmente como eu o faço, sendo puxado para cima e para baixo simultâneamente? Nem quero assumir que me possas entender. É como quando quero inventar o que te quero dizer, tu vais querer inventar o que queres ouvir. 
Que história que temos. Palavras escritas em papel amachucado. Um sinal, uma luz ténue através do espaço um do outro.
A probabilidade de dois mundos se encontrarem é muito pequena. É uma imensidão demasiado grande. Mas, mesmo assim, construímos naves. E, mesmo assim, apaixonamo-nos.

sábado, 5 de abril de 2014

Romance

"Vais ultrapassar isto..." São os clichés que causam o problema. Quando perdes alguém que amas, alteras a tua vida. Não vais ultrapassar isto porque "isto" é a pessoa que amas. A dor pára, há pessoas novas, mas o buraco nunca é fechado. Como seria isso possível? As particularidades de alguém que te diz algo mais, o suficiente para estares assim dizem tudo. 
Este buraco em mim tem a tua forma e mais ninguém o consegue fechar. E porque é que eu quereria que algúem o fizesse?
E enquanto não te tenho, espero por ti. Sou o tipo de pessoa que era capaz de perder o comboio ou um voo só para tomar café contigo. Apanhava um táxi e, atravessava a cidade só para estar contigo dez minutos. Esperava à tua porta toda a noite se fosses tu a abrir-me a porta de manhã. Se me ligasses e dissesses "Podias..." a minha resposta era "Sim", mesmo antes de acabares a frase. Eu brinco com mundos onde possamos estar juntos. Sonho contigo.
Para mim sonhos e desejos estão muito próximos.

Talvez, o romance seja mesmo isso; não um contrato entre duas partes iguais mas uma explosão de sonhos e desejos que não se podem encontrar assim, no dia a dia. Só um drama é que servirá e enquanto o fogo de artificio durar, ao menos, o céu é de outra cor.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Vento

 Também acordas como eu acordo, esquecida do que é que doi ou onde doi, até que te mexes? Há um segundo de consciência que é claro. Um segundo em que és tu, sem memória ou experiência, o animal que acorda para um mundo novinho em folha. Há o sol que dissolve a noite, a luz mais clara que a música, que te enche o quarto onde dormes e os outros espaços por detrás dos teus olhos.

Disseste-me "Amo-te". Porque é que isso é a coisa mais banal que alguém pode dizer a alguém e, mesmo assim, é aquilo por que mais ansiamos ouvir. "Amo-te" é sempre uma frase. Não o disseste ao inicio, nem eu o disse. Mas, quando tu o dizes e quando eu o digo, falamos como selvagens que encontraram uma palavra e a veneram. Eu sei que a venerei mas agora estou sozinho em cima de uma rocha, fora do meu próprio corpo.
Eu era feliz, mas "feliz" é uma palavra de adulto. Nunca tens de perguntar a uma criança se ela é feliz. Elas são ou não são. Nós, adultos, falamos de como somos ou podemos ser felizes mas maioritariamente não o somos. Falar sobre isso é a mesma coisa que tentar agarrar o vento que passa. É muito mais fácil deixá-lo passar por ti.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Momento certo

Eles amam-se. Toda a gente sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Ele continua a viver a sua vida idealizada e ela continua a idealizar a sua vida. Alguns dizem que jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um está um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por aí, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles perguntam-se sobre o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem que nada, nada seja por acaso.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Peter Pan

Um dia chega a mim a calma. O meu Peter Pan hoje ameaça-me. Aqui há pouco que fazer.
Sinto-me noutra rua, numa de estar em casa sozinho. Será culpa da tua pele?
Será que cresci, que alguma coisa tocou neste botão para que o Peter Pan se vá embora?
E talvez viva agora melhor, melhor comigo e com o meu interior.
Que a Sininho cuide de ti e te guarde...
Às vezes gritas aí do cimo, do céu, para destruires a minha calma. Comigo já não tentes nada: parece que o amor me acalma.
Se levas a minha infância, leva o que sobrou dela em mim. Se te vais embora, vou conseguir viver com a paz que preciso e pela qual tanto ansiei.
Passaste um bom dia junto a mim, parecia que querias ficar. Não havia maneira de saber.
Vais-me perseguindo  como um trovão, como um relâmpago azul.
Quando te fores embora crescerei e, encontro tantas partes que tinha esquecido.
Vê que já chegou o tempo, tenho paz e é o momento de crescer.

Espero que não volte mais, que fique quietinho como está, que ele de mim já teve bastante.
Foi uma fase para não mais esquecer, uma fase má que agora quer descansar.

Que a Sininho cuide de ti e que te guarde.


terça-feira, 1 de abril de 2014

Nos desenhos animados nunca acaba mal

"Eu quero a sorte de um cartoon, nas manhãs da RTP1. Sou o teu Tom Sawyer e o teu Huckleberry Finn, e vou de mascarilha e espadachim. Lá em cima há planetas sem fim. Queria ser o teu super-heroí, sem tirar o chapéu de cowboy. Com o meu galeão e uma garrafa de rum, eras minha e de mais nenhum.
Um por todos e todos por um.
Nos desenhos animados, eu já conheço o fim: o bem abre caminho a golpe de espadachim. E o papel de príncipe encantado sobra sempre para mim.
Tu és Jane e eu Tarzan, Julieta e eu D'Artagnan. Se o teu cavalo falasse, tinha tanto para contar aos fantasmas debaixo dos meus lençoís. Dos tesouros que escondemos dos espanhois.
E quando chegar o final, já podemos mudar de canal. Nos desenhos animados é raro chover. 
E nunca, quase nunca acaba mal."

Nos desenhos animados - Os Azeitonas (adaptado)

segunda-feira, 31 de março de 2014

Dores

Existem duas dores de amor: A primeira é quando a relação termina e  nós, que continuamos a amar, temos que nos acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta dos beijos e abraços, a dor de não sermos importantes para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem qualquer sentimento especial por aquela pessoa. Dói também… Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou.

Muitas pessoas reclamam por não se conseguirem desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não se querem desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida… Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual nos apegamos. Faz parte de nós. Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira se entranhou em nós, e que só com muito esforço é possível guardar.

 É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’ propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”. Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o final de uma história que terminou, externamente, sem a nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro de nós…

domingo, 30 de março de 2014

Mudança




Isto não são promessas. São, apenas, outros pensamentos de esperança. Foi assim de tão pouca importância aquilo que tivemos? Quando disse que ficava contigo, isso não foi suficiente. Mas foi sempre verdade.
Ninguém sabe para onde o amor vai. Nunca ninguém saberá aquilo que eu passei.
Não precisas de mudar, eu tenho algo novo para te trazer de volta. É um novo dia e sinto-me tão vivo.
Este não é o lugar nem o tempo. Não vinhas até à lua comigo? E não há espaço para nós, nem nenhuma Primavera romântica. Se eu soubesse, naquele dia, eu estaria atento e não tão próximo de ti.

Mesmo se for errado, estou aqui. Com pensamentos inesperados. Quando eu disse adeus, vai haver uma esperança para nós.
É uma mudança e não o fim.




sábado, 29 de março de 2014

Monstros

Amor é loucura temporária, entra em erupção como um vulcão e depois tudo se acalma. E quando tudo acalma, tens de decidir. Tens de lutar e decidir se as raízes estão tão entrelaçadas que é inconcebível que se separem. Porque é isso que o amor é. Amor não é ficares sem fôlego, não é excitação, não é a promologação de promessas de paixão eterna, não é o desejo de fazer amor a cada segundo, a cada minuto do dia, não é ficares acordado à noite a imaginar que ela te beija cada milímetro do corpo. Apaixonar-se, cada parvo consegue. O amor em si é o que resta quando o estar apaixonado acaba, e é tanto uma arte como um bom acidente.
O amor não é mais que deixares sair os teus monstros para irem brincar com os meus.

Explicações

Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue. Lembrança é quando, mesmo sem autorização, o teu pensamento representa um capítulo. Angústia é um nó muito apertado no meio do sossego. Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair do teu pensamento. Indecisão é quando sabes muito bem o que queres mas achas que devias querer outra coisa. Certeza é quando as ideias se cansam de procurar e param. Intuição é quando o teu coração dá um pulinho ao futuro e volta rápido ao presente. Pressentimento é quando passa o trailer de um filme que pode ser que nem exista. Vergonha é um pano preto que queres para te cobrires àquela hora. Ansiedade é quando faltam sempre muitos minutos para o que quer que seja. Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento. Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa de mandar algum recado. Raiva é quando o tigre que vive dentro de ti mostra os dentes. Tristeza é uma mão gigante que aperta o teu coração. Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma. Amizade é quando  não fazes questão de ti mesmo e te emprestas aos outros. Culpa é quando achas que podias ter feito alguma coisa de forma diferente mas, geralmente, não podias. Lucidez é um acesso de loucura ao contrário. Razão é quando o cuidado se aproveita da emoção que está a dormir e assume o controlo. Vontade é um desejo que acha que és onde ele pode viver. Paixão é quando, apesar, da palavra ¨perigo¨ o desejo chega e entra. Amor é quando a paixão não tem outros compromissos marcados. Não... Amor é um exagero... também não. Um dilúvio, um cair de mundo, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrolo, uma necessidade, um desapego? Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha explicação. O  amor, não sei explicar.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Anti-amor

Amar-te não é fácil, é quase o anti-amor. É muito quase como se não existisses, porque só a mulher perfeita mereceria tanto sentimento. E eu, anulo-te o tempo todo ao dizer para mim, repetindo para mim, o quanto tu falhas, o quanto tu fraquejas, o quanto tu te enganas. E ao fazer isso, eu só consigo amar-te ainda mais. Porque enterraste o meu sonho aprisionado pela perfeição e, libertaste-me para poder vivê-lo.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Despedidas

É muito difícil entender uma despedida, mas aos poucos passamos a compreender na prática como ela dói sem deixar hematomas na pele, mas como rebenta o coração.
Muitos dizem para não ficarmos tristes com as despedidas, mas ninguém consegue calcular os estragos da saudade.
Por provocarem no coração uma ruptura tão grande, as despedidas acabam por nos sufocar, mas acendeem perspectivas de reencontro.
Ao despedirmo-nos de quem amamos fica um buraco tão grande e um vazio tão imenso que não dá para traduzir em palavras.
Porque é que te foste e, não deixaste nenhum vestígio de alguma coisa boa que vivemos?

Surpreender

Estás sozinho. Tu e a claque do Benfica. Em frente à televisão, devoras dois pacotes de Doritos enquanto esperas que o telefone toque. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha. Trimmm! É a tua mãe, quem mais poderia ser?
Amor nenhum faz chamadas por telepatia.O Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar-te numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. 
Ele passa batido e tu estás nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar-te desiludido com a vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta. 
Porque é que o amor nunca chega à hora certa? 
Agora, por exemplo, que estás de banho tomado de camisa e jeans. Agora que estás empregado, lavaste o carro e estás com dinheiro para ir ao cinema. Agora que remodelaste o apartamento, e começaste a gostar de jazz. Agora que estás com o coração às moscas e a morrer de frio.
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina.
Passas uma noite inteira hipnotizado por alguém que nem te vê, e mal reparas na outra pessoa que só tem olhos para ti. Ou então ficas arrasado porque não foste para a praia no fim de semana. Todos os teus amigos estão lá. Sentes-te um ET perdido na cidade, procuras refúgio num clube de vídeo, sem prever que ali mesmo, irás encontrar a pessoa que dará sentido à tua vida. 
O amor é que como uma tesourinha das unhas, nunca está onde a gente pensa. O truque é apontarmos o radar para norte, sul, este e oeste. 
O teu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no Facebook , a fingir que não te vê. O amor está em todos os lugares, tu é que não procuras. 
A primeira lição está dada: o amor é omnipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível
Nunca esperes ouvir "Amo-te" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira noite que passam juntos. 
O amor odeia clichês
Vais ouvir "Amo-te" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia em que tirares a carta de condução. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Abismos

As memórias não estão guardadas no coração, na cabeça ou sequer na alma de alguém. Estão, sim, guardadas nos espaços entre duas pessoas.
A forma da minha vida é definida por várias coisas: o meu passado e infância, a minha mente e educação, a minha consciência e as suas pressões mas, sobretudo, o meu coração e os seus desejos.
E nunca me importei de estar perdido. Sempre pensei que não poderíamos estar realmente perdidos se conhecessemos o nosso próprio coração. Mas o meu medo é estar perdido sem conhecer o teu.
Acho que tenho um bom coração. Às vezes, isso é suficiente para eu estar seguro para onde quer que vá. Mas da maior parte das vezes, não é.
O coração tem as suas razões mas, a mente, tem as suas desculpas. E ele sabe o que a minha mente apenas acha que sabe. A mente só sabe aquilo que está próximo do coração.
O coração é uma arma do tamanho do teu punho: continua a lutar; continua a amar.

Olho para o meu coração e vejo o abismo a devolver-me o olhar.


terça-feira, 25 de março de 2014

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Apaixonar-se é tanto receber como dar, certo? Parece egoísta. Mas, não é. É o oposto. Ser amado é recusar a melhor prenda.
Ele pensava nele mesmo como um romântico. Ele pensava nele mesmo como um cínico incurável.
Mas, ele não o era.
Ele era apenas alguém cujo coração e mente, tinham sido batidos e magoados. Era sempre - e ainda é - mais seguro dar, porque há um certo controlo a ter em conta quando se dá.
Tirar, ou permitir que recebesse algo, era um assunto de risco.
Porque receber significa abrir de novo o coração.
Talvez para a rejeição.
Ou desapontamento.
Ou dor.
Ou mesmo, partir de novo o coração.
É tudo um risco terrível.
E, terrivelmente necessário.
E, claro, há sempre o assunto da confiança...


segunda-feira, 24 de março de 2014

Chove em mim

O mundo ao meu redor, e não consigo sonhar. É que hoje estou triste, só penso em chorar.
Se não tenho calor nem carinho junto a mim, só penso em encontrar uma estrela melhor que me possa guiar, que alivie esta dor. Que leve estes "longes" para mais longe daqui.
A minha ilusão não passou, e percebi que não te tenho e sinto uma ausência. Dei-te tanto e ainda não estás aqui. Tento convencer-te com toda a minha arte. Não me canso de te dar algo que me enche. Que prenda é esta? Abre e disfruta.

E agora só preciso da tua presença. Que a tua ausência doi. E hoje vi-te, e parece que não chove. Só preciso de alguém que acredite em mim. Que me ajude a dar-te tudo - chove.
E hoje parece que chove em mim.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Ódios

Estive a fazer uma lista daquilo que não nos ensinam na escola.
Não nos ensinam a ser famosos. Não nos ensinam como ser ricos ou como ser pobres. Não nos ensinam a conseguirmos afastar-nos de alguém que, já não nos ama. Não nos ensinam como ler o que vai na cabeça de alguém.
Não nos ensinam a amar.
Não nos ensinam nada que valha a pena saber.
Já estiveste apaixonado? Horrivel não é? Ficas tão vulnerável. Abre o teu peito e, abre o teu coração  e isso significa que alguém pode entrar e trocar-te as voltas todas. Podes construir defesas, podes construir uma armadura, para que nada te magoe, até que uma pessoa estúpida, que não é diferente de qualquer pessoa estúpida com quem nos cruzamos na rua, entra na tua vida estúpida... E tu dás-lhe um pedaço teu. Ela não o pediu. Ela fez algo parvo um dia, como beijar-te ou sorrir apra ti e, depois, a tua vida já não é mais tua. O amor faz reféns. Entra em ti. Come-te de dentro para fora e deixa-te a chorar na escuridão, tão simples como a frase "vamos só ser amigos" se transforma em cacos de vidro que vão caminhando para o teu peito. Magoa. E não apenas na imaginação. Não apenas dentro da tua cabeça. É uma dor da alma, um real "entra-em-ti-e-lixa-te-todo". Odeio o amor.

Por uma vez na vida

Apenas por uma vez na vida, eu realmente acredito que é possivel encontrar alguém que te vire o mundo do avesso. Contar coisas que nunca contas a ninguém e, ver que absorve tudo o que dizes e, por mais incrível que pareça, quer ouvir mais.
Partilhas esperanças para o futuro, sonhos que nunca se tornarão realidade, objectivos que nunca vais atingir e tudo o que a vida te atirar para cima. Quando algo de incrivel acontece, nem podes esperar para lhe contar, sabendo que vai partilhar do teu entusiasmo. Não tem vergonha de chorar contigo quando estás magoado ou, de se rir de ti quando fazes figura de parvo.
Nem vai magoar os teus sentimentos ou fazer-te sentir que não és bom o suficiente mas, prefere fazer com que cresças e mostra-te as coisas sobre ti que te fazem especial.
Nem há pressões, invejas ou competição porque tudo é calma quando estão juntos. Podes ser tu mesmo e não te preocupares acerca do que vai pensar de ti e vai gostar de ti mesmo por isso.
As coisas que parecem insignificantes aos outros como um bilhete, uma canção ou uma paisagem são coisas que, para ti, vais guardar sempre.
Memórias da tua infància vão voltar e são tão claras e vivas que parece que és criança outra vez. As cores parecem mais brilhantes e luminosas. O riso vai fazer parte dos teus dias quando, antigamente, era raro ou inexistente.
Um telefonema, uma mensagem durante o teu trabalho vai-te ajudar a ultrapassar os dias e vais sempre chegar a casa com um sorriso.
Quando estão juntos, vais reparar que não é preciso uma conversa constante: a presença de cada um vai ser suficiente.
Coisas às quais nunca deste importância, tornam-se as coisas mais fascinantes à face da terra só porque agradam à outra pessoa. Pensas nessa pessoa em todos os momentos e em tudo o que fazes. Algo simples, traz-te essa pessoa à cabeça: seja um céu azul, uma brisa ou nuvens de tempestade no horizonte.
E, assim, abres o coração mesmo sabendo que pode ser partido um dia e, por abrires o coração, percebes o amor e a felicidade que nunca tinhas achado possível.
Descobres que a única maneira de te sentires apaixonado é sendo vulnerável, de uma maneira tão real que te assuta.
Encontras força ao saberes que, talvez, encontras-te um amigo, uma alma-gémea que se vai manter fiel.
A vida parece-te completamente diferente, excitante e que vale a pena.
Só esperas, realmente, que faça parte da tua vida.

E aceitamos o amor que achamos que merecemos. E nunca há um tempo ou momento certo para o verdadeiro amor. Acontece acidentalmente, num batimento cardíaco, numa troca de olhares, num segundo.


quinta-feira, 20 de março de 2014

O tipo certo de errado

Estamos todos à procura daquela pessoa especial que é indicada para nós. Mas quando já tiveste a tua conta em termos de relações, começas a suspeitar que não há a pessoa certa, apenas diferentes sabores de errado. Porque é que isto acontece? Porque tu estás errado de alguma maneira, e procuras pessoas que são erradas de um modo que te completa. Isto leva a sua quota parte de vida, para conseguires crescer completamente nos teus próprios erros. E até tu conseguires vencer os teus próprios demónios, e os teus problemas irresolúveis - aqueles que fazem de ti quem és - que estás pronto para encontrar aquela pessoa. Só aí vais saber o que é que realmente estás à procura. Estás à procura da pessoa errada.
Mas não é qualquer pessoa "errada": o tipo certo de pessoa "errada" - alguém para quem olhes e penses: "Este é um problema que eu quero ter".

E descobres que essa pessoa especial é errada para ti na forma certa.

Deixa as tuas cicatrizes apaixonarem-se.



quarta-feira, 19 de março de 2014

Sentir Vs Fazer Falta

 Fechado no meu quarto, a minha imaginação transforma-se no universo, e o resto do mundo perde isso.

Dizem que quando sentes a falta de alguém, provavelmente esse alguém sente o mesmo.
Às vezes, as pessoas podem desaparecer mesmo em frente aos teus olhos. Às vezes, as pessoas podem descobrir-te, apesar de terem estado a olhar para ti o tempo todo. E às vezes, perdemo-nos de vista quando não estamos a prestar atenção.
Será que nascemos com partes que nos fazem falta ou, perdêmo-las algures no caminho?

Sente a falta de alguém, até esse alguém voltar. Ou até tu voltares. Até que a sua ausência na tua vida seja algo que deves evitar a todo o custo. Sente a falta dela até não teres de o fazer mais, até estarem reunidos na vossa mesa preferida, no vosso restaurante preferido, a pedirem a vossa comida preferida. Sente a falta dela até tu sentires que nunca partiste.
Ou então sente a falta dela até não conseguires mais, até essa pessoa ser identificada e catalogada como coisas e não como uma pessoa. Até perceberes que a companhia, os passeios longos que davam, as conversas que tinham, os olhares que trocavam te vão voltar a encontrar como te encontraram da primeira vez. Sente a falta de alguém até não sentires falta.

Eu tento-me lembrar de tudo, de todas as coisas e às vezes esqueço-me de algo. E nem sei o que é. Mas sei que não vem ao meu encontro, alguma coisa dela não está a chegar até mim e quando isso acontece, essa parte que me falta, enlouquece-me. E não sei o que fazer com isso.
E quando me afogo nos teus pensamentos até a solidão me parece bem.

E sim, sinto a falta dela e não é o tipo de "saudade" que tens quando estás sozinho, não é o tipo que sentes quando estás desfeito e meio bêbado, nem é o tipo que sentes quando sabes que ela é a tal.
Estou a falar do tipo de saudade quando estou feliz. E só queria que ela estivesse comigo. Não me interessa que não estejamos juntos, nem me interessa que nunca mais a veja. 
Tudo o que quero que saibam é que agora estou a sorrir, e sei que ela dava tudo para ver isso.


Actos de consciência II

"Vai atrás dela. Porra, não fiques aí sentado à espera que ela te ligue, vai atrás dela porque é isso que deves fazer quando amas alguém, não esperes que ela dê um sinal quando isso pode nunca acontecer. Não deixes as pessoas acontecerem-te. Houve pessoas que amei que talvez se metessem num avião, corressem atrás de mim rua abaixo ou me ligassem bêbadas às quatro da manhã porque precisavam de me dizer naquele preciso momento o que sentiam e não se iam arrepender de o ter feito. E eu sempre pensei que era o único a fazer coisas doidas por pessoas que nem se iam preocupar em fazer algo do género, ou de agir como idiotas ou serem completamente vulneráveis e honestas. Fazeres alguém apaixonar-se por ti é fácil. Grita-o ao mundo, e está com ela como ela gosta porque isso é lindo e generoso e é isso que é amar alguém. É cru e desprotegido, e é tudo o que vale a pena - a sério"

terça-feira, 18 de março de 2014

Lições

Não assumam que nós não nos importamos onde vocês estão, porque é o contrário.
Faz-nos sentir seguros ao saber que as nossas namoradas não estão a flirtar com rapazes de quem nunca ouvimos sequer falar.
Não falem sobre os vossos ex-namorados. Nunca tivemos, nem vamos ter respeito ou gostar deles, nem queremos ouvir falar deles. Quando o fazem, estão quase como que a pedir-nos que fiquemos com ciúmes. Estão a pedir que percamos a confiança.
Acerca disso, não saltem para tudo o que entra pela porta. Não nos importamos que falem com outros rapazes, nem se são amigas de outros rapazes. Mas quando estão connosco e um rapaz qualquer chega e vocês saltam e quase que lhes fazem uma placagem, sem sequer nos apresentarem, sim, isso deixa-nos chateados. E não ajuda se se sentarem com ele e falarem com ele durante dez minutos sem sequer se aperceberem que nós ainda estamos lá.
Também, quando dizemos que vocês são giras/bonitas/lindas/fofinhas, nós realmente queremos dizê-lo. Não nos digam que estamos errados ou cegos. Nós vamos parar de vos tentar convencer disso. A coisa mais sexy numa rapariga é a sua confiança. Sim, podem põr esta frase no Facebook, eu deixo.
Não nos critiquem quando vos abrimos a porta. Sorriam e digam "obrigado". Deixem-nos pagar os jantares, gelados, cafés. Não se sintam mal. Nós gostamos de o fazer. Sorriam e digam - vá toda a gente agora - "obrigado".
Beijem-nos quando ninguém está a ver. Se nos beijarem quando sabem que ninguém está a ver, nós vamos ficar impressionados.
Não têm que se vestir sempre bem para nós.  Se vamos sair com vocês, não têm de sentir a necessidade de usar a vossa saia mais curta e porem toda a maqulhagem que têm. Nós gostamos de vocês por quem vocês são, não pelo que vocês são.
Não andem em jogos com outros rapazes quando nós não estamos. Nós vamos saber. Acreditem. Nós temos olhos em todo o lado. E quando descobrirmos vamos passar-nos. Não com os rapazes, mas com vocês.
Não nos levem sempre a sério. O sarcamos é uma coisa gira. Vejam isso dessa maneira. E não se chateiem facilmente. E parem de usar as revistas e as redes sociais como se fossem biblias.
Não nos digam que este ou aquele actor é super giro. É chato, e não nos interessa. Tem as vossas amigas para isso.
O que é que aconteceu à palavra "amor"? Porque é que tudo tem de ser "bom/sexy"? Fico impressionado com uma rapariga que me diga "Olá amor!" em vez de "Olá gostosão/gato/lindo..." e coisas do género. Afirmar que raparigas ou rapazes são podres de bons é sinal de imaturidade.
E, bato nesta tecla as vezes que forem precisas: se não estão a ser bem tratadas por um rapaz, não esperem que ele mude. Caguem nas desculpas dele, a desgraça para a população masculina, e encontrem alguém que vos trate bem e respeite. Alguém com a vossa honra e moral. Alguém que vos faça sorrir quando mais estiverem em baixo.



Pode ser.

Não sei se restam amigos, ou se existe o amor. Se posso contar contigo para falar da dor. Se há alguém que me oiça, quando levanto a voz. E não me sentir sozinho.
Vou fazendo os meus planos, vou sabendo quem sou, vou procurando a minha parte, recuperando o controlo. Vão brincando contigo, vão rasgando o teu amor, vão-te deixando sozinho.
Algo pode melhorar, algo que possa encontrar, algo que me dê alento e que me ajude a imaginar. Quero conseguir e não quero recordar e dar tempo a este momento. Que me dê o teu sentimento.
Pode ser que a vida me guie até ao sol. Pode ser que o mal domine as minhas horas. Ou que todo o meu riso ganhe à dor. Pode ser que o mal seja hoje.
Nasces e vives sozinho.

Hoje quero ir ao encontro de tudo o que há dentro de mim. Tirar toda esta sensibilidade, que me deixa perto de ti e que me leve aí. E apesar de tudo pergunto-me porque é que não o disse. E vivo escondido, para ter mil ausências para poder dormir. Atrás de uma sombra cinzenta, que não me deixa ver poderei esperar que aconteça alguma coisa hoje? Com o que tenho aqui e não quer sair.

domingo, 16 de março de 2014

Caleidoscópio

Eu acho que quando acaba, tudo volta à tua memória em flashes sabes? É como um caleidoscópio de memórias, em que tudo volta---mas ela não. Eu acho que parte de mim sabia que no segundo em que a vi que isto iria acontecer...Não é por algo que ela tenha feito ou dito. Foi a impressão que veio com isso tudo, e a coisa mais louca é que nunca sei se me vou voltar a sentir assim, mas não sei se deveria.
Eu sabia que o mundo dela se movia demasiado rápido e que queimaria num jogo de luz. Mas apenas pensei "como é que o diabo te pode empurrar para alguém que parece quase um anjo quando sorri para ti?"...
Talvez soubesse isso quando ela me viu. Acho que apenas perdi o equilibrio. Acho que a pior parte não foi perdê-la...foi ter-me perdido.



sábado, 15 de março de 2014

E(m)numeração


1. A maneira de como ela cheirava bem, mesmo que fosse só a shampoo;
2. A maneira de como ela encontrava sempre o lugar certo no meu ombro;
3. Como ela ficava a dormir;
4. A forma fácil de como ela cabia nos meus braços;
5. Quando ela me beijava, tudo ficava bem no mundo de repente;
6. O engraçado que ela era a comer;
7. As horas que ela demorava a arranjar-se e, no fim, valia sempre a pena;
8. Como ela estava sempre quente, mesmo que estivessem -30ºC;
9. Como ela estava sempre bonita - até de pijama;
10. A maneira como ela estava sempre à espera de elogios, apesar de ser a coisa mais bonita deste planeta;
11. Como ficava engraçada quando amuava;
12. Como as mãos dela encaixavam nas minhas;
13. O sorriso dela;
14. A maneira como eu ficava quando recebia uma mensagem e era dela;
15. A maneira como ela dizia "já chega", mas uma hora depois...;
16. A maneira como me beijava quando eu lhe fazia alguma surpresa;
17. A maneira como ela me beijava quando eu lhe dizia "Amo-te";
18. Se calhar... Só a maneira como ela me beijava;
19. Como ela me caia nos braços quando estava triste;
20. A maneira como me pedia desculpa por ter dito algo parvo;
21. Quando, na brincadeira, ela me batia e pensava que me tinha magoado;
22. A maneira como ela me pediu desculpa e o quanto isso lhe custou;
23. Quando ela me dizia "Tenho saudades tuas";
24. Como eu sinto a falta dela;
25. Como as lágrimas dela me fazem querer mudar o mundo todo só para que não doa mais... Porque por uma vez na vida, o que quer que ela fosse para o mundo tornou-se no meu mundo. Não é algo que vem da mente. Mas do coração. Um sentimento. Que só se pode sentir.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Fingimentos

Se soubesses...que de cada vez que te vejo, fico sem palavras...sem ar. Se tivesse opurtunidade de te ver e estar contigo, agarrava-a num instante. Se soubesses as vezes que penso em ti, nem acreditavas. Se soubesses que te comparo com toda a gente que me cruzo, até coravas. Mas se soubesses o quanto me magoaste e que de cada vez que te vejo só me apetece quebrar de uma vez e chorar... Ias-te sentir tão culpada que alguém "tão especial" para ti tenha que se sentir assim...e ainda pior, que a culpa é tua. 

E agora graças a ti, tenho medo de me apaixonar outra vez. Primeiro que tudo, partiste-me o coração quando eu esperava que fosses a última pessoa a fazê-lo. E agora fico aqui, com o meu coração aos bocados, e tu nem reparas nisso. É triste porque sempre pensei que me conhecesses...e agora começo a achar que nunca me quiseste conhecer.


E eu vou sorrir como se estivesse tudo bem, falar como se tudo estivesse perfeito, agir como se fosse tudo um sonho e fingir que não me doi.

Principio

E agora que estamos separados és só uma estranha que conhece todos os meus segredos, a minha familia, todos os meus defeitos e virtudes e isso não faz sentido.

Ela não é perfeita. Eu também não sou, e os dois nunca seremos perfeitos. Mas se a consegui fazer rir pelo menos uma vez, se a fiz pensar duas vezes, se ela admitir que é humana e que cometeu erros aí, agarro-me a ela o melhor que puder. Ela não me vai recitar poesia, não vai pensar em mim a cada momento, mas vai-me dar uma parte dela que sabe que eu posso quebrar. Não a vou magoar, não a vou mudar, nem vou esperar mais do que aquilo que ela me pode dar. Não a vou analisar. Vou sorrir quando ela me fizer feliz, vou gritar quando me chatear com ela e, vou sentir a falta dela quando ela não estiver. Só sei amar por completo, quando há amor. Porque pessoas perfeitas não existem, mas existe sempre alguém perfeito para mim.
E amo-te sem saber como, quando ou porquê. Amo-te simplesmente, sem problemas ou orgulho: Amo-te desta maneira porque não conheço outra maneira de amar, tão próxima que quando puseres a tua mão no meu peito é a minha mão também, e quando eu fechar os olhos, tu adormeces.

O que a maior parte das pessoas considera amor é escolher uma mulher e depois, casar com ela. Eles escolhem, juro, já os vi a fazer isto. Como se houvesse hipótese de escolha no amor, como se não fosse um relâmpago que te desfaz os ossos e te deixa pregado no meio da rua. E, provavelmente, vão-te dizer que a escolheram "porque-a-amam": acho isto muito estereótipado. Tu não escolhes a chuva que te encharca a roupa quando acabas de ver um concerto.

O amor nunca morre de causas naturais. Morre porque não sabemos re-acender a fonte disto tudo. Ele morre de traições, mentiras e erros; Morre de doenças e feridas. É a voz em todos os silêncios, a esperança que não encontra adversário no medo, uma força tão forte que deixa a própria força fraca, uma verdade maior do que o sol, maior do que a distância entre nós e as estrelas.
 
E sabes que estás apaixonado quando não queres adormecer porque, finalmente, a relidade é bem melhor do que os teus sonhos.

Apaixonei-me pela coragem dela, pela sinceridade dela e pelo seu respeito-próprio.  E são todas estas coisas em que acredito, mesmo que o mundo inteiro esteja mergulhado em suspeitas e dúvidas que ela não pode ser tudo aquilo que é.
Amo-a e isso é o principio de tudo.




quinta-feira, 13 de março de 2014

StarDust

"Lembraste de eu ter dito que sabia muito pouco sobre o amor? Isso não era verdade. Sei muito sobre o amor. Já o vi, séculos e séculos dele, e era a única coisa que fazia com que olhar para o teu mundo fosse suportável.
Todas as guerras. Dor, mentiras, ódio... Fez com que quisesse virar costas e nunca mais olhar. Mas quando vejo a forma como a humanidade ama... Podias procurar até ao canto mais escondido do universo que nunca encontrarias algo mais bonito. Sim, sei que o amor é incondicional. Mas também sei que pode ser imprevisível, inesperado, incontrolável, insuportável e estranhamente confundido com ódio e... o que estou a tentar dizer é que...acho que te amo. É isto o amor?
Nunca pensei que o conheceria por mim mesmo. O meu coração, parece que o meu peito nem o consegue conter. Como se quisesse fugir, porque já não me pertence. Pertence-te a ti. E se o quiseres, não te peço nada em troca. Nenhuma prenda, nenhum benefício, nenhuma demonstração de devoção. Nada a não ser que me amas também. Apenas o teu coração, em troca pelo meu."


Stardust(2007)


quarta-feira, 12 de março de 2014

Binóculos

Pensei que eras um anjo, a brilhar entre as nuvens. Pensei que tinhas alguma fé, agora tenho as minhas dúvidas.
Talvez tenhas ido dormir. Talvez tenhas ido embora, só para ficar...
Pensava que tinhamos alguma coisa. Pelo menos era no que eu tentava acreditar.
Odeio ficar sozinho mas, contigo eu era mais solitário.
Nunca vou saber, ao menos estás longe dos meus olhos - mas nunca longe da minha cabeça.
Talvez o nosso amor tenha ido dormir. Talvez o meu amor tenha ido muito fundo.
Talvez tenhas ido embora, só para ficar...

Acho que estás a pensar em mim agora, porque sabes que eu estou a pensar em ti. Por favor, ama-me mais uma vez, porque sabes que para mim és a única. E acredita, porque és a única.
Preciso de ti sempre, algo dispara quando olho para ti. Estou em paz quando estou contigo. E estou feliz porque me sinto livre.
Ama-me porque és minha e eu sou teu. Confia no que sentes, lembra-te quando o teu coração começou a bater mais forte.

terça-feira, 11 de março de 2014

Metáforas

Ainda que tu não o saibas, inventei o teu nome. Droguei-me com promessas, dormi nos carros. Ainda que tu não entendas, nunca escrevo nas cartas o meu endereço para que não sigas as minhas pegadas.
Ainda que tu não o saibas, encostei-me nas tuas costas. E a minha cama queixa-se, fria, quando te vais embora. Blindei a minha porta, e quando chega a manhã, percebo que nunca estiveste aqui.
Ainda que tu não o saibas, tinhamos tanto. Com as mãos tão cheias, cada dia mais magras. Inventávamos marés, tripulávamos barcos e eu incendiava com beijos o mar dos teus lábios.

Esta semana pensei em raptar-te em minha casa. E assim via as tuas fotos quando fosse dormir. Quero saber como és, como estás e que por fim me conheças e te apaixones por mim.
Todas as noites me deito e procuro-te na minha cama. E tu nunca estás. Mas sei que de manhã, não te vais poder esquecer de mim. Vou ser o teu pesadelo de noite e de dia. Não digas que não, se ainda não estiveste aqui.
Nunca pensaste que te fosse trancar na minha casa. Nunca pensei que te pudesse fazer isto, a ti.
Compreende que esta é a única maneira de me quereres sem termos de repetir tudo.

segunda-feira, 10 de março de 2014

A 3 metros sobre o céu

E de repente algo acontece e, sabes que as coisas vão mudar já aconteceram. E a partir daí, nada voltará a ser o mesmo...nunca.
E de repente alguém te diz "calma", e quando te acalmas começas a aperceber-te das coisas.
Há sempre um momento em que o caminho se bifurca, cada um toma o seu caminho a pensar que no fim os caminhos se voltam a cruzar. E do teu caminho vês a outra pessoa cada vez mais ao longe, mais pequena. Não se passa nada, fomos feitos um para o outro, e no final do caminho ela vai lá estar. Mas no fim do caminho só acontece uma coisa: chega o Inverno.

E de repente dás conta que tudo acabou. Que já não há volta a dar, o que sentes, e então tentas-te lembrar do momento onde tudo começou e descobres que tudo começou antes de conseguires perceber...Muito antes... E nesse momento percebes que as coisas só acontecem uma vez e, por muito que te esforces, nunca vais voltar a sentir o mesmo, nunca vais voltar a ter a sensação de estar a três metros acima do céu.

Quando alguém desaparece da tua vida, pode ser que nunca mais a vejas e que nunca lhe digas todas as coisas que lhe querias dizer. Agarras num papel e num lápis e escreves uma carta. Pode ser interminável ou só uma palavra. Escreves para essa pessoa que se foi, mas não a mandas. Não. Dobras a carta pegas no isqueiro e queimas a carta. O vento leva a carta e a dor que sentes não fica tão dentro de ti.

Podes ajudar-me a emendar este erro. Na melhor das hipóteses se nos esforçarmos as coisas podem voltar a ficar bem. E isso, não vai ser fácil. Sozinho, não consigo.

Porque, já nos sentimos assim, os dois: a 3 metros sobre o céu.

domingo, 9 de março de 2014

Roll-model

O que é que se passa com as pessoas onde em dia? Só vivem para o material. É o copo que bebemos a mais, o "vomitou-se todo!", a vida loca, o estilo, a pose. Vivem e respiram para o material. Para o show-off. Para se humilharem, pisarem e sairem por cima das situações. Não consigo viver a minha vida assim. Não fui habituado assim. É certo que não sou perfeito. Também gosto dos meus excessos, do meu copo a mais, da minha directa, das minhas loucuras. Mas não apregoo ao mundo o que fiz. Não partilho instantaneamente quando estou a comer sushi (sushi não, que não gosto), ou fotos em que aparecem as mãos e fazemos todos uma estrelinha, ou um brinde com copos quase vazios porque o que lá falta já foi para dentro.
Partilho com quem esteve comigo, numa mesa de café, entre a modorra de cigarros, águas das pedras e cafés. E fica ali. Ali nasce, ali morre. Não tenho que provar nada a ninguém. Que tenho, ou deixo de ter dinheiro, para fazer isto e aquilo.
Tenho que o provar a mim.
Já fui assim, como as pessoas que critico. E revejo-me como era nos "seres" que co-habitam comigo na rua.
Tento mudar mentalidades. De cada vez que faço uma colónia de férias, tento mudar mentalidades. Tento que no espaço de uma, duas semanas absorvam e retirem algo de mim. Mais que não seja para não se enfiarem nos buracos onde me enfiei. Sinto-me como um irmão mais velho. E, faço-o sempre com os mais "problemáticos", com os mais "pintas". E por vezes ouvem-me.
Numa semana sou irmão, amigo, conselheiro, pai, mãe, avó, cão, periquito. Umas vezes um Hitler outras um Ghandi. Com uns laivos de Casanova admito (quando há algum casalinho que precisa de um empurrão - delicioso). E desgasta-me. O lado óptimo é o que retiro deles, o que observo. E comparo com a minha geração. Fazia igual. E pior. É por isso que lhes digo que não há nada que não pensem em fazer, em teoria, que eu já não tenha feita na prática.
Basta que um me oiça e mude (como já aconteceu - grande miúdo!) e o que ando ali a fazer, além dos saltos e palhaçadas, já vale a pena.
Podemos não conseguir mudar o Mundo mas podemos tentar e mostrar que queremos ser a diferença
Não faço isto por mim. Não é por ter uma t-shirt amarela a dizer "Monitor" nas costas que de repente sou o melhor ou mais que os outros. Sou sim, o exemplo, o roll-model daqueles dias. E é uma responsabilidade tremenda. É inevitável criar laços. 24h sobre 24h acaba por fazer alguma mossa.
É óptimo ouvir que somos o melhor de sempre, o mais divertido, mesmo que seja só durante aquele periodo de tempo. É bom ir à cama às quatro, cinco da manhã para me levantar às oito mas com o sentimento de dever cumprido. Que eles estão completamente rebentados porque o dia foi a rasgar. E nós, mais rebentados estamos, porque se não puxarmos por eles, se não levarmos nós as coisas para a frente toda aquela máquina não anda. Depende de nós o estado de espírito de toda uma colónia de férias. A ansiedade do "o que vamos fazer hoje" depende de nós.
Fizeram-no por mim quando era miúdo. Monitores que me marcaram, que me ensinaram, deram na cabeça, ralharam comigo. E aprendi com eles. Acho que é meu dever fazer algo também por estes miúdos de hoje.

Apesar do que vejo, seja durante o verão com eles ou durante os dias e (principalmente) as noites há esperança. Ainda há pessoas que, por momentos, nos surpreendem. E retiramos sempre algo delas. Apesar de efémero, surpreendem.



sexta-feira, 7 de março de 2014

S

Quero ser só. Quero ter só algo mais, que eu nada sou sem companhia.
Diz-me quem eu sou como se o não fosse. A rua quebra-me a força negativa.
Sorrir, não é pêra doce!
Matei o monstro da monagamia, e a minha vida parou na letra S.
A minha mão não quer, que eu mate agora.  Eu mesmo nunca sei.
Eu posso dar, posso dar mundo, tal fosse um copo grande embora sem o fundo.
Eu não entendo mas amo quem tu és, e que assim sendo padeço a teus pés.

E a minha vida parou na letra S.

Fumo

É pena quase não poder ficar, és quente quando a luz te traz. Quase te vi amor, quase nasci sem ti, quase morri dentro de mim. Ficas dentro de mim,  Por dentro de mim, estás dentro de mim.
Silêncio. Lua. Casa. Chão. És sitio onde as mãos se dão. Quase larguei a dor. Quase perdi, quase morri dentro de mim, Ficas dentro de mim.
Sempre só mais um homem, mais humano, mais um fraco... Sempre... Só mais um braço, mais um corpo, mais um grito, sempre...
Dança em mim. Mundo, vida e fim. Dorme aqui, dentro de mim.
É pena quase não poder ficar, no sitio onde as mãos se dão.
Quase fugi amor, quase não vi.
Vamos embora daqui, para dentro de mim.
Queres lutar contra quem? Para doer onde, para ser o quê? Achas que ninguém vê? E para quê fingir, porqueê mentir e remar na dor? Também eu queria parar, chorar, cair para te levantar, para te puxar! Para te fazer sorrir e não voltar a cair. Não me olhes assim, continuo a ser quem fui. Cada vez mais aqui... Quando entrares, não dances tão longe que eu já te vi.
Ainda me alteras os passos se te vejo passar, no momento em que somos só os dois no meio da multidão.
Ainda me alteras a fala se te vejo parada, nesse fumo sensual, nessa cinza esquecida de quem não se interessa.
Ainda me fazes pensar, quase achar, que te amo. Quase acahar que o destino se enganou no caminho. E esperar que me toques é um vicio que adoro.
Foi mais um sol que nasceu. Mais uma vez igual. Mais uma vez contigo,para esquecermos o mal que fizemos aos dois por deixarmos tudo para depois.
E mais uma vez aquele abraço, que sente o que para sempre é segredo e é suave presença perdida em nós.
Só não te quero ver chorar por ti. O teu mundo é como eu, e só eu sei olhar esse fumo que é só teu.

E quando achar que "Solteiro" volta a ser a música que me define, é porque nos perdemos definitivamente.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Impossível

Ainda me lembro quando me prometi a mim mesmo "tem cuidado com o amor e, por quem te apaixonas".
E eu, vejo agora, que talvez não tenha sido forte o suficiente. Erro meu se caí na ilusão e se, de alguma maneira, fui descuidado.
Promessas completamente vazias e as palavras que me disseste, infelizmente, ainda ecoam a todas as horas dentro da minha cabeça.
Ao menos, espetavas a faca de uma vez e não milímetro a milímetro como tens feito.
Quebraste a confiança, adorava conseguir confiar em ti outra vez como confiava cegamente quando me olhavas nos olhos e sorrias para mim de cada vez que te via. Acho que é do que tenho mais saudades. É de estar no carro à tua espera e quando te via, mal olhavas para mim e enquanto caminhavas na minha direcção vinhas a sorrir.
Espero, ao menos, que quando fales de mim ou quando pensas em mim que sorrias porque, nunca te dei razões a não ser para sorrires. Só queria ter sido o teu super-heroí, o teu super-homem. Aquele que vinha a voar, de entre as nuvens, e te apanhava mesmo antes de te estatelares no chão. 
Achava e, ainda acho apesar de tudo, que contigo seria diferente. Já que tudo começou de maneira diferente, finalmente, eu iria ter aquilo que merecia e ainda mereço. E mentes a ti mesma, dia após dia, se dizes que não pensas em mim, que por vezes em conversas não sentes a minha falta. Mas isso serão actos da tua consciência. Cada um de nós, à noite, dorme com a sua consciência.
Nem sei o que pensar, quando falas de mim a alguém. Se me culpas pelo que aconteceu ou, se és sincera. Ao menos diz-lhes que fui feliz, que me partiste o coração, que voltaste a abrir-me todas as cicatrizes que fui coleccionando ao longo dos anos. Que te tatuaste em mim. E que me saiu o tiro pela culatra: quis roubar-te o coração mas, acabei eu por ser assaltado. E aí ficou, guardado numa gaveta do teu quarto. Quando o puderes devolver, agradecia.
E pensar que tudo o que tu precisas para sair disto está em ti.
Diz-lhes também que tudo o que eu pensava ser para ti era, simplesmente, impossível porque não deixaste que eu fosse sequer alguma coisa.





terça-feira, 4 de março de 2014

Assasino

Se achas que vais conseguir atravessar sem um único arranhão... Se achas que o último a ficar de pé, não vai estar sujo de terra... Nunca estiveste numa guerra.

E foi assim que perdi tudo.
Trabalho pela calada da noite, quando esta está mais escura. Quando as estradas estão calmas, e não há ninguém que me veja.
Numa corrida contra os semáforos, para descobrir que o portão está aberto. Ela está à espera no quarto e eu entro.
Entras, fazes o teu trabalho e vais-te embora. Não deixas pistas, nem mostras a tua cara.
Devia ter dado meia volta e ido embora antes de o sol nascer outra vez. Mas o sol nasceu outra vez.
Através da luz do sol, apercebo-me que o dia está a queimar as cortinas e o vinho no pequeno quarto branco.
E nunca estou sozinho, ela está sempre na minha cabeça. Ela dorme com a cabeça no meu peito, como uma criança. O que é que eu posso fazer?

Eu era um assassino, o melhor que já viram. Roubava-te o coração muito antes de me ouvires entrar. Eu era um assassino e tinha um trabalho a fazer.

Nem sabia que ela também era uma assassina.
De repente, saio de mim e mal consigo respirar. De repente flutuo sobre a cama dela e consigo sentir tudo.
E de repente sei o que fiz mas, nem me consigo mexer. E o que vai significar para mim.

Ela é uma assassina e, tinha um trabalho a fazer.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Amor - Uma grave doença mental

Ama-se quem se ama, não quem se quer amar. E é preciso reinventar o amor, toda a gente sabe.
O amor tem a virtude, não apenas de põr a nu duas pessoas frente a frente, mas também cada uma delas diante de si mesmo.
Por mais duro que alguém seja, derreterá no fogo do amor. Se não derreter é porque não é forte o suficiente.
E hoje em dia as pessoas apaixonam-se porque dá jeito. Porque são colegas e estão mesmo ali ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque é mais barato. Por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das calças, das cuecas e das contas da lavandaria.
O amor é uma coisa muito estranha, que todos os dias nos acorda, depois de sonhos inequívocos, a lembrar-nos que estamos condenados à pessoa que amamos. E ficamos, por estarmos apaixonados, convencidos. Que o nosso coração por inteiro, por estar ocupado por ela, está entregue e disposto a expandir-se infinitamente por causa disso - duma só pessoa.
Engraçado como as canções e os poemas ignoram tanto acerca do amor. Nunca falam dos serões a ver televisão no sofá. Não há explicação. O amor também é estar no sofá, tapados pela mesma manta, a ver séries e filmes francamente maus. Talvez chova lá fora e esteja frio, não importa. O sofá é quentinho e fica mesmo em frente à caixinha mágica onde passam as séries e filmes mais parvos que já se fizeram. E daqui a nada começam as televendas, também serve.
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pausa que refresca, a momento "Coca-Cola", o nosso "dá lá um jeitinho" sentimental.
O amor é a nossa alma a desabar, a desatar a correr atrás do que não sabe, do que não apanha mas não larga e não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita. Não faz mal. Que se invente e se sonhe o que se quiser. O amor é uma coisa a vida é outra. A realidade pode matar. O amor é mais bonito do que a vida. Que se lixe a vida.
O grande amor nunca pode acabar bem. Mesmo que ambos morram ao mesmo tempo, num desastre, será sempre uma tragédia. Assim é com todos os amores que temos: morremos enquanto os amamos. Morre quem amamos e, ao mesmo tempo, quem nos amava.

Há vários motivos para não amar uma pessoa e só um para amá-la - esse deve prevalecer.

E o mal... O mal nunca está no amor.

domingo, 2 de março de 2014

Luz


Quando me magoaram, o que conseguiram foi fazer-me ainda mais bonito. As rachas à volta do meu coração, deixam a luz passar.
Quando me magoaram, os pedaços que estão no chão...Pego neles e consigo juntá-los ainda melhor do que antes.
E, sinceramente, quero manter-me onde a luz está.

Se de cada vez que me partem, eu me consigo re-inventar ainda melhor... Quebrem-me, partam-me, rasguem-me, deitem fora... As vezes que quiserem. Há-de chegar uma altura em que alguém me vai encontrar e aí vai ter de mim o que ninguém teve. 
O estúpido da questão, é que só me quero dar a ti e só te quero a ti. Cada música que oiço, cada raio de sol que sai de entre as nuvens nestes dias, cada viagem, férias ou fim de semana que programo penso sempre em ti para ires comigo.
Penso em realizar-te todos os desejos e ser o primeiro em muita coisa que não fizeste.
É quase como dizer que me estou mesmo a re-inventar por ti e para ti.

E, sinceramente, quero manter-me onde a luz está. Na esperança que a vejas.

sábado, 1 de março de 2014

Vultos

"A cidade está deserta e alguém escreveu o teu nome em toda a parte. Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas. Em todo o lado essa palavra repetida ao expoente da loucura. Ora amarga, ora doce...Para nos lembrar que o amor é uma doença, quando nele julgamos ver a nossa cura."
 Ouvi Dizer - Ornatos Violeta in O monstro precisa de amigos

Melhor definição para o amor não encontrei até hoje. O amor é de facto uma doença silenciosa. Não dá direito a baixa médica, não há curas, comprimidos, injecções ou xaropes para que ele passe. E era bom que ele passasse tão silencioso quanto vem. Seria tudo mais simples. 
É o amor e o sonhar que são doenças. Quando sonhamos criamos esperanças e expectativas. E quando o sonho é bom, quando é tão real que sentimos tudo: cheiros, toques, lábios...Cabrões dos sonhos. Enganam-nos e fazem-nos sempre querer mais. E fazem-nos querer voltar para trás neles mesmos. Quem de nós, já não desejou voltar a trás no que estava a sonhar ou com o que sonhou na noite anterior?
Sonhos e amor estão sempre interligados. Como dois vultos, que se escondem nos cantos escuros do quarto enquanto estamos a dormir...e juntos gozam e riem-se de nós. Fazem planos, estão horas a delinear estatégias só para nos passar a perna e fazer-nos cair de cara no chão. 
Quando somos miúdos, falam-nos do bicho-papão mas, nunca nos falam que os verdadeiros monstros, à noite, são mesmo o amor e os sonhos. Esses sim, metem medo. É bom sonhar? Sim. É bom amarmos? Completamente. Mas esses bichos têm sempre o dom (sempre!) de nos fazer bater com as orelhas nalguma esquina da vida e lixar-nos os planos.
É bom sentirmos isto tudo... Melhor seria conseguirmos manter aquilo que amamos e aquilo com que sonhamos.
Era tudo muito mais simples e indolor.
Mais indolor seria não sentir nem sonhar com nada. Será o próximo patamar a explorar na evolução.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Simpatias

Tu e eu temos qualquer coisa. E é tudo e, de repente, não é nada para mim.
E tenho as minhas defesas consoante as tuas intenções. Agora, acordamos com as coisas que nunca sonhámos que poderíamos ser.
Não fui eu que te quebrei, não é de mim que deves ter medo. Pensava que te tinha perdido nalgum lado, mas nunca estiveste (sequer) lá.
Sinto-te a cair, e tudo o que quero ser é tudo para ti. Mas o agora foi embora.
E mais estranho que a tua simpatia - esta é a minha desculpa - é eu ter-me morto de dentro para fora. E todos os meus medos te terem conseguido afastar. E tenho medo mas, não estou a rastejar de joelhos.
Está tudo mal, onde é que raio eu pensava que estava?
E mais estranho que a tua simpatia, tira-me isto tudo para que eu não sinta. Estou-me a matar de dentro para fora e tenho a cabeça cheia de dúvidas. E tu não consegues ver que o que sonhaste não se está a tornar realidade. Diz-me, é fácil esquecer enquanto te engasgas nos arrependimentos?
E mais estranho que a tua simpatia, são todas estas coisas que roubaste de mim. E agora nem sei bem aonde pertenço.

E ainda estou apaixonado com as coisas que só achava que tinha.
E não serei eu a ajoelhar-me perante os sonhos que quis.
E toda a escuridão e todas as mentiras eram só coisas disfarçadas de mim.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Tormentas

Quando o amor é verdadeiro, nunca se apaga. Ninguém tem interruptores de on/off no coração e nem conseguimos enfiar a mão no peito e arrancar aquele chip que nos faz sentir assim/assado/frito/cozido.

Era bom? Era... mas é impossível.
Estou a falar de amor a sério, não de paixões ou ilusões. 
A paixão, deixa-te nas nuvens, é bonita e os sintomas são quase idênticos aos do amor: sentes-te nervoso, tremes todo, até podes suar nalguns casos. Mas com a paixão, não estás disposto a dar o salto por aquela pessoa. O teu pensamento é "sou como sou, quem gosta muito bem! quem não gosta come menos" - ou algo do género. Ok, é um bom pensamento. Temos que nos manter minimamente fieis ao que somos. Contudo, com a paixão não estamos dispostos a ver as nossas falhas, nem a melhorá-las. Podemos tapá-las durante uns tempos com umas roupas bonitas mas, passado um tempo, só nos apetece rasgar essa roupa, dar dois berros e voltar ao mesmo. E é o que acontece. Já aconteceu comigo e já vi acontecer à minha frente. Paixão é "tesão de mijo".

Agora, o amor. Pelo amor estás disposto a realmente reflectir sobre as tuas atitudes e defeitos. Tentar realmente melhorar e dar o tão famoso salto. Amor e amar é um sacrificio. É um sacrificio, mas é em nome de algo maior que nós e quando o estamos a fazer nem notamos isso. Chama-se crescer. 
Há subtis diferenças entre paixão e amor. Com a paixão, quando vês o objecto dessa tua paixão talvez olhes, consigas sorrir e pronto já está. Ou talvez, cruzes o olhar duas, três vezes no máximo. E é tudo.
Com o amor isso é diferente. Quando vês quem amas, tudo o resto à tua volta desaparece e enquanto co-habitam o mesmo espaço está sempre inerente aquela presença, esteja ela a cinco ou a cinquenta metros de ti. Olhas durante horas se for preciso. Sentes não os batimentos cardíacos mas murros no peito.
E apesar de te custar, continuas a olhar, a fazer este jogo masoquista. Como se tentasses decorar e absorver cada pormenor de quem amas. Como se a visses pela primeira vez. E quando os olhares se cruzam o ar fica mais pesado, cheira a chuva e trovoada. O som fica um eco muito longínquo. E o tempo abranda.

Há alturas na vida, alturas muito raras e que acontecem ainda a um grupo ainda mais raro de pessoas em que, antes de saberes sequer o nome ou se fala a tua língua ( já faltava um bocadinho de globalização neste blog) com um simples olhar tudo se transforma. Eu sei, insisto sempre neste capítulo. Estou fascinado com este fenómeno... Só tinha lido livros, visto meia dúzia de filmes e ouvido três, quatro canções sobre o tema. Não sabia que o ia viver. Aqueles dias em que te levantas e é tudo igual (pensas tu). E em dez segundos, vês que te enganaste e que se calhar não sabes é nada sobre o tema.

Paixões são como marés, vão e vêm conforme fases lunares.
O amor é sinal que estamos vivos.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Fases

Estava a pensar sobre relações e, como isso se funde com as canções sobre relações e, enquanto tentava pensar cheguei à conclusão de como fazer as coisas resultar.

Quando conheces alguém, e descobres que esse alguém gosta de ti - primeiro que tudo - um amigo de um amigo dessa pessoa diz "Ela gosta mesmo de ti" e isso mata-te, atira-te para o chão. E tens de te apanhar pedaço por pedaço; depois consegues o número de telefone e ligas ou mandas mensagem certo? E dizes  "Sim, é uma conversa realmente boa, podemos ir tomar café um dia destes?" e depois dizem-te isto "Sim, gostava muito...". E nada te faz sentir melhor do que aquele "Gostava muito". Então, saem durante uns tempos. estão sempre a trocar mensagens e tu largas a bomba, o que tu achas que é uma bomba: "Sabes que mais, tenho pensado imenso em ti". E ela começa "Ahhhhh!", e tu "O que se passa?" e ela responde "Desculpa, é que eu também tenho pensado em ti ". Pum! Disparado em direcção ao céu. Mas agora o "Gostava muito"...completamente acabado. Agora o que conta é "Tenho pensado em ti também".

E aí, passado uns tempos, quanto te sentires confortável para o dizeres: "Tenho que te dizer algo", "O quê?"..."Estou apaixonado por ti". E nada no mundo soa melhor do que "Estou apaixonado por ti". E talvez ela comece a chorar, ou fique sem ar... E de repente pensas "Já está...". Mas agora o que é que não resulta? "Gostava muito" e "Tenho pensado em ti também". Agora estamos na fase do "Estou apaixonado por ti".

E talvez um dia se consiga avançar para o "Amo-te".
Fast forward, agora estás na fase "Amo-te tanto; amo-te mais que tudo na vida". Agora "Amo-te" não resulta.

É um limiar que está sempre a avançar. 

Fast forward outra vez, seis dias, seis semanas, seis meses dependendo do caso. Agora é " Quero casar contigo; só quero enviar-te todo o meu amor; as palavras não resultam mais". E depois dizes esta frase, toda a gente a diz: " Quem me dera que pusessem uma palavra no dicionário maior que amor, porque amor já não descreve o que sinto". E é aqui que ela começa a perguntar " Amas-me?" e respondes "Claro que te amo".
"Então diz!". E voltamos ao mesmo: Dizes duas, três vezes.
E é aqui que atravessamos um ponto realmente interessante quando tudo começa a ser "Odeio-te!". "Oh meu deus, ela odeia-me". Agora é "Odeio-te mais que tudo!" e o clássico "Acabou", "Não acabou nada", até que te fartas e "Sim, acabou mesmo".
E agora as palavras já não resultam e ficas sem nada. Dás socos debaixo de água. Estás acabado.

E sabes qual é a moral da história, se é que há uma? Nunca, mas nunca, nunca, nunca subestimes o poder de "Gostava muito".