segunda-feira, 3 de março de 2014

Amor - Uma grave doença mental

Ama-se quem se ama, não quem se quer amar. E é preciso reinventar o amor, toda a gente sabe.
O amor tem a virtude, não apenas de põr a nu duas pessoas frente a frente, mas também cada uma delas diante de si mesmo.
Por mais duro que alguém seja, derreterá no fogo do amor. Se não derreter é porque não é forte o suficiente.
E hoje em dia as pessoas apaixonam-se porque dá jeito. Porque são colegas e estão mesmo ali ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque é mais barato. Por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das calças, das cuecas e das contas da lavandaria.
O amor é uma coisa muito estranha, que todos os dias nos acorda, depois de sonhos inequívocos, a lembrar-nos que estamos condenados à pessoa que amamos. E ficamos, por estarmos apaixonados, convencidos. Que o nosso coração por inteiro, por estar ocupado por ela, está entregue e disposto a expandir-se infinitamente por causa disso - duma só pessoa.
Engraçado como as canções e os poemas ignoram tanto acerca do amor. Nunca falam dos serões a ver televisão no sofá. Não há explicação. O amor também é estar no sofá, tapados pela mesma manta, a ver séries e filmes francamente maus. Talvez chova lá fora e esteja frio, não importa. O sofá é quentinho e fica mesmo em frente à caixinha mágica onde passam as séries e filmes mais parvos que já se fizeram. E daqui a nada começam as televendas, também serve.
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pausa que refresca, a momento "Coca-Cola", o nosso "dá lá um jeitinho" sentimental.
O amor é a nossa alma a desabar, a desatar a correr atrás do que não sabe, do que não apanha mas não larga e não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita. Não faz mal. Que se invente e se sonhe o que se quiser. O amor é uma coisa a vida é outra. A realidade pode matar. O amor é mais bonito do que a vida. Que se lixe a vida.
O grande amor nunca pode acabar bem. Mesmo que ambos morram ao mesmo tempo, num desastre, será sempre uma tragédia. Assim é com todos os amores que temos: morremos enquanto os amamos. Morre quem amamos e, ao mesmo tempo, quem nos amava.

Há vários motivos para não amar uma pessoa e só um para amá-la - esse deve prevalecer.

E o mal... O mal nunca está no amor.

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