quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Tormentas

Quando o amor é verdadeiro, nunca se apaga. Ninguém tem interruptores de on/off no coração e nem conseguimos enfiar a mão no peito e arrancar aquele chip que nos faz sentir assim/assado/frito/cozido.

Era bom? Era... mas é impossível.
Estou a falar de amor a sério, não de paixões ou ilusões. 
A paixão, deixa-te nas nuvens, é bonita e os sintomas são quase idênticos aos do amor: sentes-te nervoso, tremes todo, até podes suar nalguns casos. Mas com a paixão, não estás disposto a dar o salto por aquela pessoa. O teu pensamento é "sou como sou, quem gosta muito bem! quem não gosta come menos" - ou algo do género. Ok, é um bom pensamento. Temos que nos manter minimamente fieis ao que somos. Contudo, com a paixão não estamos dispostos a ver as nossas falhas, nem a melhorá-las. Podemos tapá-las durante uns tempos com umas roupas bonitas mas, passado um tempo, só nos apetece rasgar essa roupa, dar dois berros e voltar ao mesmo. E é o que acontece. Já aconteceu comigo e já vi acontecer à minha frente. Paixão é "tesão de mijo".

Agora, o amor. Pelo amor estás disposto a realmente reflectir sobre as tuas atitudes e defeitos. Tentar realmente melhorar e dar o tão famoso salto. Amor e amar é um sacrificio. É um sacrificio, mas é em nome de algo maior que nós e quando o estamos a fazer nem notamos isso. Chama-se crescer. 
Há subtis diferenças entre paixão e amor. Com a paixão, quando vês o objecto dessa tua paixão talvez olhes, consigas sorrir e pronto já está. Ou talvez, cruzes o olhar duas, três vezes no máximo. E é tudo.
Com o amor isso é diferente. Quando vês quem amas, tudo o resto à tua volta desaparece e enquanto co-habitam o mesmo espaço está sempre inerente aquela presença, esteja ela a cinco ou a cinquenta metros de ti. Olhas durante horas se for preciso. Sentes não os batimentos cardíacos mas murros no peito.
E apesar de te custar, continuas a olhar, a fazer este jogo masoquista. Como se tentasses decorar e absorver cada pormenor de quem amas. Como se a visses pela primeira vez. E quando os olhares se cruzam o ar fica mais pesado, cheira a chuva e trovoada. O som fica um eco muito longínquo. E o tempo abranda.

Há alturas na vida, alturas muito raras e que acontecem ainda a um grupo ainda mais raro de pessoas em que, antes de saberes sequer o nome ou se fala a tua língua ( já faltava um bocadinho de globalização neste blog) com um simples olhar tudo se transforma. Eu sei, insisto sempre neste capítulo. Estou fascinado com este fenómeno... Só tinha lido livros, visto meia dúzia de filmes e ouvido três, quatro canções sobre o tema. Não sabia que o ia viver. Aqueles dias em que te levantas e é tudo igual (pensas tu). E em dez segundos, vês que te enganaste e que se calhar não sabes é nada sobre o tema.

Paixões são como marés, vão e vêm conforme fases lunares.
O amor é sinal que estamos vivos.

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