sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Dia banal

O telemóvel toca. "Porra acordei!"

Mensagem:"Oi tudo bem? Achas que dá para nos encontrarmos para falarmos?".

Já nem durmo bem, foi como levar um soco no peito.
Um nervoso miudinho percorre-me o peito. Mil e um cenários passam-me pela cabeça. Só há um que é concreto: vou finalmente falar com ela, passadas tantas semanas.
Adormeço de novo, sempre a pensar no que virá.

Acordo, levanto-me com qualquer coisa a moer-me atrás da cabeça: é verdade a mensagem.
Respondo:" Oi. Tudo e contigo? Sim claro que dá. Quando é que te dá jeito?".

Tomo banho, como qualquer coisa. Visto-me. Acabo de sair de casa em direcção ao carro:
Mensagem: "Também. Hoje achas que dá?".
Chiça, não estava à espera que fosse para tão breve: "Sim, quando sair do trabalho passo aí. Tipo, 18:30h".

Ligo o carro, sempre de olho no telemóvel. Estaciono. Phones nos ouvidos, acendo um cigarro e vou para a estação como já é hábito. Apanho o comboio das 8:30 para o Oriente.

Mensagem:"Ok tudo bem.Combinado".

Tão simples, três quatro mensagens bastaram para finalmente se conseguir chegar a um ponto de entendimento: precisamos ambos de uma conversa que já vem adiada desde à que tempo.

A paisagem corre rápida, à velocidade do comboio. Entra e sai gente, nem reparo quem, como estão, com quem estão. Mais mil e um cenários me passam pela mente. Mas sacudo o pensamento: o que terá de ser, será.

O dia passa-se igual a tantos outros: telefonemas, emails sem fim, reuniões. Um stress.

Finalmente saio. Apanho de novo o comboio, desta vez com outro objectivo - resolver-me e resolver esta questão de uma vez por todas. "Estou a sair agora de Lisboa, quando estiver a chegar aí aviso-te".

Mensagem:"Ok".

Contagem decrescente. Começo a suar das mãos. O controlo que ganhei durante semanas através de introspecção, muitas horas sozinho e muita ajuda do treino, esvaí-se em segundos.
Ligo o carro. 
IC19...Saída...
"Estou a chegar..."

Estaciono, no lugar do costume. "Já cá estou. Podes descer".

Acendo (outro) cigarro. Vens na minha direcção. Os mesmos olhos, um brilho diferente mas mesmo assim familiar. Sorriso leve. Olho para ti e sorrio também. Cumprimentamo-nos.

-" Então, diz...que tens para me dizer?"
-" Nem sei por onde começar... Desculpa..."
-"Não, não quero desculpas...Não quero justificações... Quero só que me digas como te sentes e o que me queres dizer..."
-"Tenho que te pedir desculpa por tudo o que te fiz passar. Fui burra, parva...Pensava que era o que precisava na altura, iludi-me, enganei-me e menti a mim mesma... Tive muito tempo para pensar, passei por muita coisa mas houve algo que sempre esteve aqui: tu. Nunca me saíste do pensamento. Quando te vi, não estava à espera e tremi toda. Como já disseste, merecemo-nos. Encontrámo-nos por acaso... Foi o Destino, como tu dizes. Enganei-me quando achava que não gostava de ti mas, é de ti que eu gosto e com quem quero ficar. Sei que te magoei, que te humilhei, espezinhei mas precisava de te dizer isto e de saber se vale ou não a pena..." - e ficas a olhar para mim de lágrimas nos olhos.
-"Do que tu te apercebeste agora, já eu sabia que ia acontecer. Já eu sabia desde que te vi pela primeira vez... Se vale a pena, ou seja, se gosto de ti? Incondicionalmente..."

Ficamos a olhar-nos... Não resisto e puxo-te para mim. E sabes-me igual. Sabes-me a diferença...















O telemóvel toca. "Porra acordei!"
Despertador marca 7:00h...

Mais um dia...

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