Hoje, sento-me. Acendo um cigarro, tiro a guitarra do saco e afino-a.
Hoje sinto-me assim.
Hoje é assim...
"Não é um momentinho parvo. Não é a tempestade antes da calma. Este é o
último suspiro deste amor que temos estado a construir. Não consigo
abraçar-te como quero, para te sentir nos meus braços. Ninguém te vem
salvar, tivemos demasiados "falsos alarmes".
Estamos a cair e tu também o vês. Estamos a cair.
Eu
sempre fui aquilo com que sonhaste. Tu sempre foste aquilo que eu
tentei desenhar. Como me acusas de não sentir nada, se sempre foste a
única luz que eu vi.
Vou tirar partido de toda esta loucura. Tu
vais er uma cabra, só porque podes: vais tentar atingir-me para me
magoar, para eu me sentir sujo...só porque não compreendes que estamos a
cair.
Vai chorar, porque é que não vais?
Não achas que já devíamos saber que isto ia acontecer? Não achas que já devíamos ter aprendido?"
"Mesmo quando te acabei de tirar da minha cabeça, a tua voz ecoa selvaticamente através da minha cama. Dizes que queres tentar outra vez, mas eu já tentei de tudo menos render-me.
Já comprei um bilhete num avião, mas quando aterrei tu foste-te embora outra vez. Amo-te mais do que as canções podem dizer. Mas não posso continuar a fugir do antigamente.
É das coisas mais estranhas, eu saber que já tinha visto a tua cara. Um sonho de uma noite, um amor de uma vida passada. Conheces-me?
Em tudo isto, pensei que senti uma escada, uma pena na minha mão e uma flor no teu cabelo.
Só um tolo te pode amar. É preciso um tolo para te amar. E eu sou um tolo, por ti.
Fiz isto a mim mesmo, acho. Vi-te, ali naquela confusão. É melhor gritar ao mundo, mas preciso de te confessar.
Não, não sou o mesmo. Conheces-te num momento interessante. E se o meu passado é algum sinal do teu futuro, é melhor avisar-te antes de te deixar entrar outra vez.
Agarra-te ao que encontrares, agarra-te ao que quer que seja que te ajude. Não confio em mim para te amar. Peço que consiga entrar de novo, mesmo que faça o caminho debaixo da chuva. Até ao local onde tudo começou, só para te conseguir querer mais uma vez."
"Nasci nos braços de amigos
imaginários. Livre para vaguear, fiz uma casa de todos os sitios onde
estive. Até que tu entraste a romper, como a coisa mais real de sempre. E
eu a dar o meu melhor para perceber tudo o que o teu amor me podia
trazer.
Metade do meu coração tem controlo sobre a situação. Metade do meu
coração tira tempo. Metade do meu coração tem o pensamento certo de te
poder dizer que não te posso amar mais.
Fizeram-me
acreditar que não ia amar mais ninguém. Fiz um plano, mantive-me o
homem que só se consegue amar a si mesmo. Cantava sozinho, até ao dia em
que chegaste. E em que me mostraste um caminho melhor e tudo o que o
meu amor podia trazer.
A
tua fé é forte. Mas só me posso apaixonar por um certo tempo. Tempo
para pensar e mais tarde, vais odiar que eu nunca te tenha dado mais que
metade do meu coração.
Mas não consigo deixar de te amar.
Mesmo que seja só com metade do meu coração.
E metade do meu coração tem uma boa imaginação. A outra metade tem-te a
ti. E metade do meu coração tem a certeza de te poder dizer tudo o que
não te posso eu dizer.
Metade do meu coração é uma arma apontada a uma noiva com uma aliança de papel.
E metade do meu coração é parte de mim que nunca soube realmente amar nada.
Não consigo deixar de te amar. "
"Mas depois, sei que quando o céu fica escuro o suficiente e se conseguem ver as cores das luzes da cidade: um trilho de rubi, vermelho e branco diamante e tudo isto te atinge como um nascer do sol - tu vais e vens como mais ninguém consegue.
E, mais uma noite, vais por aí para te perder. Desde bebidas até música, é sempre pesado em tudo.
E vais e vens, como ninguém consegue. E eu deixo-te escapar por entre os meus dedos.
Ninguém sabe, até quando estás só até arderes por completo.
Não posso ser o teu anjo, não agora. Não tenho o direito de te prender. E é dificil ter uma posição e mantê-la, quando sei que te poderia levar aonde quisesses."
"Sou atingido,em cheio no peito só para não conseguir dormir de noite. A sonhar com maneiras de te fazer entender o que sinto.
Nuvens no ar, bombas a cair por todos os lados. Não é mais que guerra entre dois corações. Quando queres que comece, acredita ninguém ganha.
Se querias mais amor, porque é que não disseste?
Agora, até dizes o nome dele, espetas a faca e torces mais uma vez. Olha para a minha cara enquanto eu finjo que não sinto nada.
Se querias mais amor, porque é que não disseste nada? Bastava dizeres.
Porque é que achaste que a única maneira de veres como me sentia, era elevares-me tão alto só para teres noção de que altura eu caia?
Nem sabes o quanto te amo se me deixasses mostrar-te, mas também não consigo partir tudo e todos.
Nem me interessa que nós os dois, esta noite, a passemos em branco. Vamos é resolver as coisas de uma vez. Vinho tinto e um certo ambiente... Não dizes nada de jeito, outra vez!
Ainda bem que, para ti, é tudo um jogo. O desapontamento tem um nome."
"Apesar de tudo, não estou sozinho (quem me dera que estivesse). Porque sei, sei que estou em baixo porque não consigo encontrar alguém que me ame, como os meus amigos me amam. Alguém que me queira como os meus amigos me querem.
Estou zonzo das minhas voltas pelas ruas, sem sentido. Procurei por felicidade mas, comprei-a toda. Nem ajuda esta dor que sinto. E esta sede, nunca a vou matar.
Falta-me alguma coisa, e não sei como me preencher. Falta-me alguma coisa e não sei o que é.
Quando o Outono chega, ele não pede autorização. Apenas entra, onde te deixei. Nem tu sabes quando começa, até sentires esse nevoeiro dentro do vidro, no teu coração que cheira a Verão.
Não sei bem, que pensamento é este. Não fui eu que o projectei."
Porque é que me queres partir o coração outra vez? Porque é que te vou deixar tentar?
Se tudo o que fazemos é dizer adeus?
E hoje, hoje foi assim...