domingo, 26 de janeiro de 2014

Curta trapaça do Destino




Ele era um bom rapaz. Atinado, respeitador, educado, divertido. Ela era fenomenal. Independente, forte, inteligente, dedicada. Olharam-se. Dois dedos de conversa, mãos dadas.

Ele dava-lhe o que Ela nunca teve: carinho, respeito, atenção, apoio, amor. Ela representava o que sempre lhe fez falta: compreensão, segurança, esperança. Estavam sempre a rir, sempre juntos. Toda a gente elogiava o amor que tinham. Que lhes fazia bem, que eram felizes, que nunca os tinham visto assim. Os dois juntos brilhavam, sorriam felizes porque mais nada importava. Numa noite, no meio da confusão, Ele pediu-lhe namoro: queria fazer as coisas como deviam ser feitas. Ela, com aquele sorriso que tinha sempre, bebeu-lhe as palavras. Encaixavam perfeitamente. Concordavam em tudo. Ele mostrava-lhe o que Ela nunca tinha visto, Ela ensinava-o coisas que Ele nunca soube. Até à noite, em que envergonhada, em que nem o conseguia olhar nos olhos, muito timidamente lhe disse "Amo-te". Silêncio. Com o maior carinho, afastou-lhe o cabelo da cara e olhando-A nos olhos respondeu "Eu também te amo". Conquistaram as estrelas, conseguiam que a terra parasse de girar quando queriam. Perdiam-se um no outro. Tardes, noites voavam. Dormiam rapidamente, sem sonhos, porque quando se vive num não se sonha com mais nada, a não ser pela manhã, pelo novo dia. Espalhavam pânico por onde passavam, em piadas e momentos que só os dois entendiam. Eram felizes. Ela dizia-lhe que Ele era tudo o que nunca teve, que nunca tinha sido tão feliz.

Ele, apesar de modesto, tinha uma ponta de orgulho na pessoa que era; finalmente! finalmente alguém tinha reparado, alguém dava valor e o demonstrava. Ele amparava-A nas suas dúvidas, nos seus medos. Apoiava-A. Ela ouvia-O e acalmava-O.

Até aquele momento em que estava disparado em direcção ao céu e o telemóvel toca. Mensagem. Caiu. Do céu caiu um anjo, uma estrela, mesmo no momento em que ia ganhar mais um.

Perdeu-se, deixou de sonhar. Deixou de acreditar no que quer que seja. Tem dúvidas, medos. Por Ela tinha quebrado a promessa: que não se iria apaixonar tão cedo. Mas quebrou-a. E gritou bem alto mas, a inveja tem sonho leve e mão pesada. E agiu.

Há sempre a esperança. Haverá sempre esparança. Mesmo magoado, destroçado, perdido Ele anda para a frente.

Porque, sob uma capa de frieza, de indiferença subsiste aquele amor, aquela felicidade. A razão que lhe grita "Com Ele és feliz como nunca foste, dás voz ao que sempre calaste".

Ele é um bom rapaz. Atinado, respeitador, educado, divertido.
Ela é fenomenal. Independente, forte, inteligente, dedicada.

Só se perderam um pouco.

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