sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Superstições...?

Sexta-feira 13

"Vamos a um bar novo que ouvir falar"
"Meh, por mim tudo bem...Não tenho grande coisa para fazer..."

Arrancamos. Para fazer tempo, agarramos umas cervejas. Entre estar na rua, estalar costas, alinhar cervicais, mais um ou outro cigarro, umas pingas de cerveja entornada e conversas sem nexo está na hora.

"Gaita, alguém sabe onde fica aquilo?" Perguntamos. É o mais fácil e prático em vez de andarmos às voltas.
Até porque a gasolina está cara.

"É isto?"
"Dá lá uma hipótese a isto, que se lixe...viemos ver numa boa..."

Damos entrada. Pequeno mas porreiro. Meia dúzia de pessoas. Com a maior lata, arranjamos mesa.
Gin's tónicos, vodkas pretas... Sempre com aquela sensação que toda a gente tem quando está num sitio novo. Observamos tudo e, sentimo-nos observados. Não pelas pessoas, mas pelo espaço em si. É como um medir de forças.

"Olha lá, é impressão minha ou estão a olhar para mim?"
"Estão sim, mas não vale a pena nem te dou o meu apoio com aquilo..."
Viro-me...Jesus! Ok, obrigado mas, não obrigado!

Mais uns copos. E um maço já foi, também já ia a mais de metade. Não tem problema, tenho outro.
Levanto-me, já cheio e farto de estar sentado.
Um par de olhos fixa os meus. Wow! O que é que se passa? Já tive muitos contactos visuais e até mais que isso na noite. E de noite, tenho muito. O ar fica mais pesado, há uma linha invisivel que me prende àquele olhar. E quero mais. Olhamo-nos continuamente. E desviamos o olhar. Mas não aguentamos muito. Tento fazer-me de indiferente, para ver se é mesmo comigo.

"Opá, estão a olhar para mim outra vez..."
"Quem?"
"Ali, por detrás daquele pilar..."
"Ok, aquela aprovo..."

Até me tremem as pernas. E continuamos neste jogo que já passou a sedução, e escalou para uma curiosidade. Há electricidade no ar. Chama-lhe acaso, destino, karma, premonição. O que te der mais jeito.
Há algo inerente a nós, que se vinculou naquele momento.
Vou buscar mais um copo, para limpar as ideias. Nunca me tinha acontecido, criar algo com quem nunca falei e de quem nem sei nada. Volto. Cai-me tudo aos pés. Estás ali à minha frente, com o olhar mais envergonhado que já vi. E apresentam-nos. Alguém deu em anjo da guarda e sentiu que havia entre nós algo mais. Que eramos material para mais que uma noite.

Conversa fiada, os minutos passam. Há todo um enredo à nossa volta, uma expectativa. Não cedemos um milímetro.
E agora? Puxo-te para dançar? Continuamos a olhar-nos, mas agora mais de perto. Não aguento mais. Passo-te um braço pela cintura e puxo-te. Passas os teus pelo meu pescoço e puxas-me. Sinto-me bem nos teus braços.
O bar gira à minha volta. Não sei se sou eu que estou zonzo, se é do alcóol se é do momento em si. Aposto mais no momento.
Nem a um palmo estamos e continuamos a olhar-nos.
Finalmente, cedemos. Caímos nos lábios um do outro. Sabes-me bem. Sabes-me a diferença, a algo mais que não consigo explicar. Não o consegui até agora e acho que não vou conseguir.

Não sei quanto tempo passou, quem estava à minha volta. Fazem-me sinal. Tenho de ir. Tu ainda ficas.
Peço-te o número. Tenho de saber mais. Quero mais e mais. Quero saber o que aconteceu.

Chego a casa, caio na cama.
Acordo em sobressalto de manhã. Ela. Aquele olhar, aquilo tudo. O número! Pego rapidamente no telemóvel e mando mensagem...

Chama-lhe o que quiseres. Eu chamo-lhe Destino.

Sexta-feira 13? Superstições? Rompemos com isso.

"Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem." Miguel Esteves Cardoso

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Tábuas de salvação

Cansei-me de vez. Estou a um pedaço de atingir a gota de água. Farto de saltitar entre "tábuas de salvação".
Encontro-me e desencontro-me. Amores e desamores em sucessões demasiado rápidas para que eu sossegue ou desligue completamente.

Normalmente, deveria ser, incio - meio - fim (se o houver, mas até agora tudo indica que há). E é no meio que tudo se constroí.

O inicio é sempre idilico. Os olhares, os toques, é tudo novidade. É como se estivessemos sempre envolvidos em nuvens de algodão doce, cor-de-rosa (ou outra cor que prefiram). São os sorrisos, as mensagens inesperadas, as músicas que se dedicam e todas aquelas patacoadas parvas que todos fazemos.

Agora o meio...o meio é que me dá a pica. O conhecer a pessoa, o lidar com defeitos e virtudes. O tentar saltar fora da rotina quando esta se começa a instalar. São as inevitáveis discussões que vão surgindo. E as reconciliações. Os suspiros de alivio, as noites mal dormidas porque estamos preocupados ou chateados. Mas aí é que damos valor ao que temos ao nosso lado. E damos valor de parte a parte. Nunca nos sentimos sozinhos nesta dança a dois. É aqui que se constroem planos, desejos e sonhos. E as memórias que vão sustentar toda uma relação. É aqui que vemos que um simples "amo-te" não são só palavras mas também actos, são demonstrações do que realmente sentimos.

O fim (se o houver, até agora nada me provou que não haja). O fim doi sempre. E doi muito mais a quem fica, do que a quem parte. Sei do que falo. Passei demasiadas vezes pela parte do "ficar". Mas também já fui. Portanto sei do que falo. Sei o que ambas as partes sentem. A que fica, aquele vazio, aquele vamos à luta, vamos em frente, vamos conseguir. E a que vai, o clássico "estou-me a cagar", vamos curtir, vamos beber copos, vamos sair, vamos conhecer mil duzentas e cinquenta pessoas novas e tirar fotos porque vamos ser todos muito amigos para sempre. Mas, contas feitas, quem se lixa? É quem vai. Porque quem fica, sai mais forte, aprende, evolui. Quem vai...quem vai acaba por acordar um dia da ilusão em que vive e sonha com o que podia ter sido. E normalmente, normalmente já vai tarde. E fica sempre com aquele buraco no peito.

Relações não são mais que dois dedos de juizinho, 1dL de bom senso e 50cL de respeito, uma colher de chá de sentimento e 2kgs de gestão de orgulhos/egos.

Falha um  ingrediente e, o bolinho bonitinho que é o amor e as relações não cresce. Acaba por queimar antes de sequer pensares em ouvir o alarme para o tirar do forno.

Farto de tábuas de salvação estou eu. E de barquinhos de borracha em que sopramos durante 2 horas e quando o levamos para a beira da água já vai meio vazio.
Preciso de um barco que não vá ao fundo.
Como tenho saudades da fase do meio.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Afastar, mas sem esquecer

Muita gente me diz "esquece, afasta-te, ignora... algo de melhor há-de aparecer porque tu mereces!".
Não concordo. Não, não me interpretes mal. Não concordo com a parte do "esquece".

Eu não esqueço. Por pior que me façam, e acredita o que me fizeste deixou muita mossa muita cicatriz, mas já lidei e passei por pior. E não esqueci. Peguei no que me aconteceu e reconstruí-me. Dei mais um passo em frente na minha transformação. A essência é a mesma. O caminho é que é diferente.
Não apago ninguém e, volta e meia, pego em exemplos para justificar as minhas acções ou linhas de pensamento.
Sei que não fui exemplo para ti. Nem roçei a tua pele, quanto mais ter impresso algo em ti. (In)felizmente, não há duas pessoas iguais e lacrei-te em mim. Para não mais esquecer. Pensava que contigo ia ser diferente. Não foste o meu anjo, fui eu o teu. E não posso, neste momento, sê-lo mais para ti. Porque tu não queres.
Tens tanto a aprender, que até me custa pensar nisso. Erraste durante a tua vida, so what? todos erramos. É a maneira como lidamos com isso e o que fazemos para não errarmos novamente que nos define e nos impulsiona para a frente. Porque se a vida não é mais que um processo de evolução e realização, o que é que andamos aqui a fazer? É isto que nos distingue de sermos um robôs e de entrarmos em modo automático.
Conformaste com o que tens? Eu nunca me conformei. Nem neste campo, que para mim é o mais sensivel. São cinco passos básicos, para não tomar nada como garantido. Cinco passos básicos e ciclicos. Em que voltas sempre ao inicio para voltar a fazer o mesmo. E só assim, só assim consegues realmente estar com algúem, teres valor e demonstrares que quem está contigo tem valor.
Liberta-te de influências. Tu reges a tua vida. Tu é que sabes o que é melhor para ti. Quando atingires isto, este pequeno click vais-te aperceber de muitas coisas. E vais-te aperceber de mim. Que fui o melhor que te aconteceu e podia ter acontecido. E que tu tão facilmente descartaste.
E não viste quase nada. O melhor de mim ainda está escondido na minha manga. Sempre esteve. Nunca o revelei a ninguém, porque até agora ninguém valeu a pena. Erro meu se achei que, quando te conheci, valias a pena e te poderia mostrar a galáxia que há dentro de mim. De uma galáxia, consegui e tive tempo de te mostrar a gaveta de um armário. E só com a gaveta, fui a melhor pessoa que conheceste, aquela em que mais confiaste, que melhor te tratou e melhor te fez. Imagina a galáxia... Era demais para ti. Não ias aguentar.

Pensava que me tinhas quebrado mais. Quanto muito, rachaste-me a pintura. Uma de mão e fico como novo.
Tu quebraste, e continuas a quebrar. A cada mentira, dissimulação, cada jogo que fazes. E, por favor, pelo teu bem estar: não jogues jogos dos quais não sabes as regras e com quem sabe jogar melhor.
Ganhaste o primeiro round. Estamos nos respectivos cantos. Daqui a pouco soa a campainha para o segundo round.
Não me aches arrogante ou prepotente. Não o sou nem quero ser, de todo. São apenas conselhos, para reflectires nas tuas atitudes. Tu tens um bom âmago, tens um excelente interior. O teu problema é que duvidas disso com tudo o que tens, e vês o que não há para ver. Devias-te virar para dentro e reflectir. Tirar realmente tempo para ti. Como eu tirei. E tiro sempre que preciso. Umas horas, uns dias, umas semanas. Mas tira. Carrega no travão, engata a primeira, puxa o travão de mão e desliga o carro de uma vez.
Tem cuidado com quem te rodeia, com quem só quer algo de ti durante uns tempos. Aprende.
Assim, vais-te conseguir afastar mas sem esquecer. E vais conseguir ser lembrada sem teres de pisar, nem passar por cima de ninguém. Perdura mais marcares pela positiva, do que pela negativa.

Esta lição dou-te de borla.

DING DING

Segundo Round.

KO Técnico.


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Respeito? Xeque-mate!

Eu explico-te:

Significado de Respeito

s.m. Acção ou efeito de respeitar.
Sentimento que leva alguém a tratar outra pessoa com grande atenção, profunda deferência, consideração ou reverência: respeito filial.
Obediência, acatamento ou submissão: respeito às leis.
Maneira considerada ao se abordar um assunto, ponto-de-vista.
Que ocasiona alguma coisa; motivo, razão.
Sensação de medo; apreensão.

s.m.pl. Homenagens, cumprimentos: apresentar seus respeitos.
Dizer respeito a. Pertencer ou referir-se a; ter relação com: tudo isto diz respeito a um fato de suma importância.
loc. prep. A respeito de; com respeito a; respeito a. Relativamente a, no tocante a, com referência a.
(Etm. do latim: respectu)

Entendeste? Não? Eu explico:

Respeito. "É bonito e eu gosto", "Respeitinho...".

"Sentimento que leva alguém a tratar outra pessoa com grande atenção, profunda deferência, consideração ou reverência: respeito filial": falhaste não em toda a frase, mas sim em todas as letras, acentos e pontuação. Nunca tive a tua atenção quando quis falar contigo, quando me quis explicar e ouvir a tua explicação. Nunca quiseste que te desse a mão quando te disse "vamos passar por isto juntos". Nunca quiseste a minha ajuda quando te disse "eu ajudo-te a sair do buraco, as vezes que forem precisas".
E acabaste por te enfiar lá. O quero estar sozinha, o estou bem sozinha, as mentiras, jogadas duplas, toda essa omissão de qualquer sentimento - que já se torna uma tradição: quando está tudo bem todos nos amamos, mundos e fundos e mais houvesse; quando as coisas apertam já não há amor, somos uns parvos, somos uns otários, "odeio-te" - que dizias ter por mim.
Nunca ninguém me mentiu tão bem e com tanto estilo (nesto momento levanto-me e aplaudo de pé...deixa-me só voltar a sentar).
 .
.
.

Olhar-me nos olhos e dizeres o que dizias, como dizias, como mostravas. Dissimulavas. Enganaste-me a mim e a toda a gente. Para ti nunca fui um namorado, um amor nem sequer uma pessoa. Fui algo com que decidiste brincar. Mas, princesa, a coroa caiu e deixaste o manto em casa. E o bobo da corte virou Rei.
É como um jogo de xadrez (eu depois explico-te as regras). Fizeste um xeque com a rainha. Eu como-te a rainha com o mais simples dos Peões e parto lançado para o xeque-mate: Peão branco para B6, rei negro para C7, Cavalo branco para D8, rei negro para C8...Torre branca para E9...e o jogo continua.

Não é que te deseje mal, a sério que não desejo. Infelizmente, brincaste com a pessoa errada. Nem vou ter de mexer um dedo, nem alterar rotinas, nem sequer ter de falar contigo ou fazer "ciúme". Simplesmente, jogaste com a pessoa errada. Tenho a mania de, só de ser como sou (sem capas, mentiras, dissimulações - eu depois explico-te como se faz), entranhar-me nas pessoas e não sair de lá mesmo que já não esteja presente.

Quiseste jogar este jogo comigo, sem saber as regras. Esperas-te que eu o jogasse por ti e joguei. Ia perdendo. Mas olhei a tempo para o relógio e recuperei.

E agora?
Peão branco para A1...

Xeque-mate!

Queres que te explique como se joga?

Fácil.




segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Nem a 1/4, nem a 1/2 mas a 1/1

Não sei gostar ou amar pela metade. Nunca soube. É defeito, feitio, teimosia, orgulho, ego e todos os sinónimos que quiseres dar.

Se não faço as coisas por inteiro prefiro não as fazer. Se não as sinto por inteiro prefiro não sentir. Seja amizade, amor, raiva, ódio.

Mas hoje é sobre o amor. E escrevo amor e não Amor, porque ele (ou ela) não o merece .
Para quê prometer se nunca se cumpre? Para quê olhar, sorrir, beijar se no final valeu menos que um grãozinho de pó ao vento? Se daqui a umas semanas já nem te lembras?
Eu posso ter perdido, mas tu perdeste muito mais. Porque quando olhares para trás, vais ver que atrás de ti não vem nada porque eu já vou estar muito à frente. Anos-luz.
Queres alcançar? Deixa o 1/18 e passa a 1/1 e com um pouco de sorte, engenho e vontade talvez, talvez consigas (se não tiveres máquina de calcular para fazer as contas, pede emprestada ou que ta devolvam - não as vou fazer por ti).

E não, não sei mesmo fazer nada pela metade. Chama-me parvo, otário, burro. Quero lá saber disso. Preocupa-te contigo. Preocupa-te em pensar que puseram sonhos em cima de ti mas, que não eram os sonhos que eram demasiado grandes mas sim , que tu na altura, eras demasiado pequenina para os sustentares. Essa deve ser a tua preocupção. Porque se nunca tive o teu respeito, quanto mais o teu amor como lhe chamavas? Estrabucha, atira pó para cima de quem quiseres, finge, mente, usa cortinas e fumo para dissmulares. Sei que vai haver sempre uma vozinha na parte de trás da tua cabeça a chatear-te. Sempre talvez não. Mas vai chatear-te pelo menos uma vez, durante um segundo. E aí, já ganhei.

É de mim, desculpa lá. Desculpa lá? Não... Vai-te lixar. Sou mesmo assim e avisei-te. Já o sabias antes daquela noite, depois de dançares comigo, em frente a toda a gente no meio da rua, quando te pedi namoro (sou um clássico, que se pode fazer?) que eu já era assim. Já sabias no que te metias, quando toda corada, enrascada e timida me olhaste nos olhos e disseste o que mais queria ouvir da tua boca. A boca não acompanhou o corpo, nem a mente e muito menos... O que quer que seja, porque o coração serve é para bombear o sanguezinho para as veias e não para sentir: deixa-te de tretas.

E já sabias o que vinha aí quando me deste o teu número e esperas-te e desesperas-te naquela noite, quando fui embora, que te enviasse uma mensagem. Repeti vezes sem conta " quando gosto, gosto a sério".
Não tinhas arcaboiço para mim. Não eras tu que eras demasiado para mim. Eu sou demasiado para ti. E assustaste-te. A culpa não é minha, fiz tudo como vem nos livros. Nos meus livros. A culpa é tua que, de tão assustada que estavas, nunca tiveste a coragem e o respeito de me olhar nos olhos e dizer o que se passava. Porque sabias que ias quebrar. Que depois de tudo o que viveste eu era, talvez, a tua esperança de teres o que merecias. Erro teu se não te apercebeste do que merecias, se não conseguiste ver isso. "Cada um tem o amor que acha que merece". E tu escolheste aquilo que achas que mereces. E digo "achas", de boca cheia, sorriso nos lábios com toda a convicção. Achas.

Tanto que até agora nunca negaste nada do que te foi dito por mim, ou pelas pessoas à tua volta. Nunca o negaste. Preferiste fugir... Atitudes. Eu tenho a minha. Tu a tua. Fruto da maturidade, experiência, evolução. Podia-ta dar mas não a quiseste. Sempre fui demasiado para ti. Fui muito.

A minha vontade? Voltar atrás, dar duas chapadas a mim mesmo e dizer "Vai para casa, entras aí desperdiças tempo". Devolves-me o tempo que perdi contigo?

Agora, assisto de primeira fila, bilhete VIP, à tua queda. Já subiste. Hás-de cair. Se vou estar aqui para te dar a mão e te levantar? Ou a tua essência é a mesma e mudaste pontos chave. Ou esquece. Esquece mas não apagues. Isto nunca vais apagar. Serei sempre aquele porto de abrigo que quase que alcançaste mas que nunca tiveste coragem para pedir para entrar.

Eu vivo bem com isso. E tu? Vives ou, sobrevives?




domingo, 26 de janeiro de 2014

Olhares Mudos

Cruzam o olhar. Tu fixas, ele não. Passam minutos. Suas das palmas das mãos. Bebes mais um copo e fumas um cigarro.

Indiferente. As colunas estalam, debitam música mas tu nem a sentes. Só te apercebes daquela sombra que paira lá no fundo do bar. Uma sombra, uma presença que para ti é luz. Mais um olhar de relance, mais um choque que te percorre o peito. "Mas porque é que ele não fixa o olhar? Perdeu o interesse? ah! agora está de costas. Porra!"

Viras-te de costas também. Mais minutos, correm devagar. Fazem-te sinal: ele virou-se outra vez para ti.
"Mas porque é que não acena ou me vem falar? Ao menos um olá. Deixa-me ver o telemóvel...nada! Será que perdi? Ele só sorri e mostra que está bem, parece que nem existo." Mais um cigarro."Vou-me tentar abstrair..."
.
.
.
"Não consigo. Ele está aqui. Mas quem é que são aquelas pessoas? Já tem alguém? Está outra vez a olhar...Já vai embora? Passou nem olhou para mim... Fiquei a olhar e nem um relance por detrás do ombro...Perdi...Porra!"

Já pensaste que ele não te fala, te evita e não fixa porque tem medo de ti? Ou porque não tem mais nada a que se agarrar do que à esperança? Que o que tem mais vontade é correr para ti e te beijar?

Que não és parte do seu mundo mas sim, o seu Mundo à parte?




Orgulho mata

Acabas tudo. Saltas fora, deslumbrada com o mundo sem ele. Talvez passes mal durante 3, 4 dias é normal. Mas, tudo é novidade. As pessoas, as rotinas, as palavras...

És um centro das atenções. Tornas-te aquele fruto proibido mas que agora está acessivel. Tudo gira à tua volta. Tudo se transforma num satélite teu.

Sais, divertes-te, danças, ris...Estás em pulgas para saber o que vem a seguir. E o a seguir vem. E com ele vem sempre alguém novo. E rapidamente.

Os primeiros tempos são óptimos: lá está, a novidade. Pensas que afinal fizeste bem, que não morreste, ninguém morreu.

Enganas-te. Ele morre por ti aos poucos, parte por dentro aos poucos. Segura-se ao que pode, mas a cada hora, a cada foto nova, a cada caixa de mensagem vazia ele, inevitavelmente, quebra. Porque ele te ama, ama-te mesmo apesar de seres fria, dura e ele não o merecer. Imagina uma montanha russa; é assim que ele sobrevive no dia a dia.

Até que um dia, vês que te enganas-te a ti mesma. Que o "a seguir" não te dá a segurança que tinhas, que as promessas que te fizeram nunca se vão realizar. Que gozaram contigo. Que te usaram para o que quiseram. E aí arrependeste. E quando te arrependes tens dois caminhos: admites o erro e vais atrás, porque ele te ama; ou não engoles o orgulho e deixas o futuro passar-te ao lado.

Tens medo? Ele perdoa-te. Se te ama? Incondicionalmente. Apesar de magoado, vazio, destruído...ele perdoa-te porque o amor que tem por ti é maior que o orgulho.


E tu...engoles o orgulho?

Curta trapaça do Destino




Ele era um bom rapaz. Atinado, respeitador, educado, divertido. Ela era fenomenal. Independente, forte, inteligente, dedicada. Olharam-se. Dois dedos de conversa, mãos dadas.

Ele dava-lhe o que Ela nunca teve: carinho, respeito, atenção, apoio, amor. Ela representava o que sempre lhe fez falta: compreensão, segurança, esperança. Estavam sempre a rir, sempre juntos. Toda a gente elogiava o amor que tinham. Que lhes fazia bem, que eram felizes, que nunca os tinham visto assim. Os dois juntos brilhavam, sorriam felizes porque mais nada importava. Numa noite, no meio da confusão, Ele pediu-lhe namoro: queria fazer as coisas como deviam ser feitas. Ela, com aquele sorriso que tinha sempre, bebeu-lhe as palavras. Encaixavam perfeitamente. Concordavam em tudo. Ele mostrava-lhe o que Ela nunca tinha visto, Ela ensinava-o coisas que Ele nunca soube. Até à noite, em que envergonhada, em que nem o conseguia olhar nos olhos, muito timidamente lhe disse "Amo-te". Silêncio. Com o maior carinho, afastou-lhe o cabelo da cara e olhando-A nos olhos respondeu "Eu também te amo". Conquistaram as estrelas, conseguiam que a terra parasse de girar quando queriam. Perdiam-se um no outro. Tardes, noites voavam. Dormiam rapidamente, sem sonhos, porque quando se vive num não se sonha com mais nada, a não ser pela manhã, pelo novo dia. Espalhavam pânico por onde passavam, em piadas e momentos que só os dois entendiam. Eram felizes. Ela dizia-lhe que Ele era tudo o que nunca teve, que nunca tinha sido tão feliz.

Ele, apesar de modesto, tinha uma ponta de orgulho na pessoa que era; finalmente! finalmente alguém tinha reparado, alguém dava valor e o demonstrava. Ele amparava-A nas suas dúvidas, nos seus medos. Apoiava-A. Ela ouvia-O e acalmava-O.

Até aquele momento em que estava disparado em direcção ao céu e o telemóvel toca. Mensagem. Caiu. Do céu caiu um anjo, uma estrela, mesmo no momento em que ia ganhar mais um.

Perdeu-se, deixou de sonhar. Deixou de acreditar no que quer que seja. Tem dúvidas, medos. Por Ela tinha quebrado a promessa: que não se iria apaixonar tão cedo. Mas quebrou-a. E gritou bem alto mas, a inveja tem sonho leve e mão pesada. E agiu.

Há sempre a esperança. Haverá sempre esparança. Mesmo magoado, destroçado, perdido Ele anda para a frente.

Porque, sob uma capa de frieza, de indiferença subsiste aquele amor, aquela felicidade. A razão que lhe grita "Com Ele és feliz como nunca foste, dás voz ao que sempre calaste".

Ele é um bom rapaz. Atinado, respeitador, educado, divertido.
Ela é fenomenal. Independente, forte, inteligente, dedicada.

Só se perderam um pouco.